Vidas perdidas não são somente números
Por trás de cada barra de um gráfico, de números divulgados, existem histórias de vida que se vão

Hoje queremos dividir com nossos seguidores algumas impressões, angustias e esperanças que surgem no dia a dia vendo o desenrolar da pandemia. É forçoso confessar que é amedrontador pensar que estamos todos sujeitos, uns mais e outros menos, é verdade, ao fantasma do contágio pelo novo coronavírus. Só de imaginar que podemos viver o mesmo drama que uma família pedritense viveu nos últimos dias, dá calafrios. Pudera, com um intervalo de poucos dias, mãe, pai e um filho perderam a luta para a Covid-19. Na contagem sinistra da pandemia eles são números que fazem crescer a estatística, mas eles são muito mais do que isso, são pessoas, com suas histórias, seus medos, defeitos e qualidades, aspectos que fazem de cada pessoa um ser distinto.
A dor da perda de um ente querida é ferida que precisa de cuidados e a doença que vem ceifando a vida de muitos, potencializa o sentimento de luto, imaginem quando várias pessoas do mesmo núcleo familiar se despedem, que digo, a maioria nem tem tempo de se despedir, porque a morte pela Covid-19, em sua maioria é solitária e sequer um velório é possível realizar.
Dom Pedrito, nesse pouco mais de um ano de pandemia contabiliza 31 mortes associadas à terrível doença. Perto de outros municípios é um número não tão grande, dirão. Porém, são centenas de pessoas que de alguma forma foram afetadas por essas partidas inesperadas. Muitas dessas pessoas poderiam, caso não se contaminassem, adicionar inúmeros capítulos em suas histórias de vida. Entre os que tombaram, alguns são bem conhecidos, outros nem tanto. Alguns possuíam posses, outros tantos não. Morreram pobres e ricos, cultos e ignorantes, brancos e pretos, moradores do centro e da periferia.
Por trás de cada morte, uma história. E essas mortes não podem ser em vão. Elas têm que deixar um ensinamento, um aprendizado, o de que por mais que cada um veja apenas o seu lado, o seu prejuízo diante das medidas impostas, todos nós, sem exceção, vivemos em uma sociedade, interagindo uns com os outros e precisamos pensar como uma coletividade, do contrário, ações individuais não terão a força para enfrentar a crise sanitária. É como a parábola do feixe de varas. Cada vara individualmente quebra diante de qualquer esforço, mas bem juntas, amarradas, ganham força e se tornam uma só.
A maior catástrofe que estamos vivendo vem não da Covid-19, mas de outro vírus, o vírus do egoísmo de cidadãos e governantes que pensam cada um por si, dificultando o avanço de medidas que poderiam ter salvado muitas vidas.
Mesmo assim é preciso ter esperança, fé e otimismo, afinal, essa não é a primeira vez que a humanidade se vê a braços com uma pandemia e de todas elas saímos mais fortes, mais sábios. Sobrevivemos aos mais difíceis cenários, contrariando todas as previsões e hoje estamos aqui para relembrar que depois da tempestade o sol volta a brilhar.