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Sepé Tiarajú – um servo de Deus

Herói rio-grandense venerado como santo será alvo de processo de canonização

Trata-se de um grande santo que já foi canonizado pela religiosidade popular – São Sepé, assim denominado pela cultura gaúcha. O jornalismo da Qwerty entrevistou padre Alex Kloppenburg, pároco local e atual administrador interino da diocese de Bagé. Diretamente envolvido com as primeiras tratativas do processo, padre Alex contou-nos um pouco da história do santo guerreiro e de como deve se desdobrar este que deve ser um processo longo.

Sobre o reconhecimento da importância que Sepé Tiarajú tem para a cultura popular, a Assembleia Legislativa e o governo do Estado do Rio Grande do Sul já o declararam Herói Riograndense, além do Congresso Nacional, que o declarou Herói Nacional, aliás, o 11º da história do Brasil, tamanha a importância de sua trajetória.

Sepé nasceu em São Luiz Gonzaga, aproximadamente em 1723. Criado e educado pelos Jesuítas, seu nome cristão era José. Líder das forças missioneiras, tinha sido alferes do exército espanhol e estava habituado ao convívio com os europeus. Sabia ler e escrever, possuía treinamento militar e exercia grande influência sobre os comandados. Em 1750, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Madri, pelo qual Portugal cederia a Colônia do Sacramento (fundada pelos portugueses onde hoje é o Uruguai) à Espanha em troca da região dos Sete Povos. Para concretizar o acordo, os povos guaranis deveriam abandonar as sete aldeias da margem oriental do rio Uruguai. Induzidos pelos jesuítas, os índios não aceitaram o tratado, e pegaram em armas para defender suas terras. Teve início, assim, a Guerra Guaranítica, que opôs os nativos a tropas espanholas e portuguesas.  Sepé Tiarajú morreu em combate. A partir desse momento, história e lenda se confundem. O capitão indígena se tornou herói popular. Sua obstinada resistência foi sintetizada numa frase a ele atribuída: “Esta terra tem dono”.

Toda essa história é o que leva a comunidade católica pedir à Igreja o reconhecimento da santidade de Sepé Tiarajú, através de sua canonização. Inicialmente, o pedido é feito à diocese onde o mesmo nasceu, no caso, em Santo Ângelo, mas esta por sua vez, não mostrou interesse em levar adiante o processo. Passou-se, então para a diocese onde Sepé morreu, ou seja, São Gabriel, que pertence à diocese de Bagé. Em 2017, quando Dom Gílio ainda era bispo, ele foi até o Vaticano, e junto a Congregação da Causa dos Santos protocolou um documento com o pedido. Em abril do mesmo ano chegou a resposta dando conta da aceitação da Igreja para que se iniciasse, então, o processo de canonização do santo guarani, motivo pelo qual ele já pode ser chamado de Servo de Deus.

Padre Alex contou que os trabalhos ainda não estão em sua plenitude, tendo em vista que Bagé ainda está sem bispo, e também porque Dom Gílio, quando recebeu a resposta de Roma, guardou o documento e já não se lembrava onde o guardara, em virtude de sua perda da memória recente.

Após o novo bispo assumir a diocese de Bagé, o que deverá ocorrer em meados de dezembro, ele deverá nomear um postulador para, aí sim, começar as investigações e juntada de documentos que deverão, depois de prontas, ser enviadas novamente ao vaticano, que analisará as virtudes do santo Guarani.

Uma vantagem nesta causa, é o próprio Papa Francisco, argentino e conhecedor da história de São Sepé e das Reduções Jesuíticas, o que padre Alex considera uma porta aberta para que a declaração de São Sepé, como santo oficial da Igreja Católica obtenha êxito.

Confira no vídeo, a entrevista completa.

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