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Réu é condenado a 14 anos de prisão por homicídio ocorrido em 2014 na cidade de Bagé

Émerson Valério Barreiro foi condenado, ontem, pelo júri popular, a uma sentença de 14 anos de prisão em regime fechado. Ele era acusado de, no dia 3 de junho de 2014, por volta das 21h10min, na rua Barão do Itaqui – próximo à antiga Escola Municipal Édison Cerezer-, em via pública, ter matado Leandro Maurente de Souza. O fato, conforme denúncia, teria ocorrido em comunhão de esforços e conjugação de vontades com um menor de idade e outro indivíduo, que não foi identificado. Apesar da decisão, o réu conquistou o direito de recorrer em liberdade.

O homicídio, ainda conforme a denúncia, aconteceu quando a vítima, acompanhada de um amigo, dirigia-se à escola. Eles teriam sido perseguidos pelo denunciado e pelo menor de idade, os quais iniciaram um ataque. O amigo de Souza conseguiu fugir, mas ele acabou sendo espancado. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, recolhendo a vítima para ser atendida no Hospital Santa Casa de Caridade de Bagé. Porém, diante da gravidade das lesões, Souza morreu ainda durante o percurso. O réu, em depoimento perante a juíza e demais membros do júri popular, negou a autoria do crime.

Acusação

Durante o júri, quatro testemunhas de acusação foram ouvidas. Os dois primeiros eram amigos da vítima. Ambos disseram que viram quando Émerson e o menor de idade foram em direção à vítima. “Conheço o réu só de vista, mas tenho certeza que foi ele e o L.B.P. (menor de idade) que foram em direção ao Leandro. Eu estava na esquina. Não tenho dúvidas”, relatou um dos jovens.

Outro comentou: “Ouvi os gritos e achei que era só uma briga. Vi quando o Émerson e o outro passaram em direção à escola. Foi um espancamento e eles ainda saíram correndo atrás do cara que conseguiu sair disparando”.

Uma das testemunhas arroladas foi o homem que estaria com a vítima no momento da briga. Ele está preso desde 2015 e, em seu depoimento, ao contrário do que teria dito anteriormente à polícia e na primeira audiência, relatou. “Não posso afirmar que foi o Émerson que matou o Leandro. Posso ter me enganado. Fui atingido por uma pedra, mas não lembro quem me atirou”, disse em juízo.

Defesa

Uma mulher de 23 anos foi ao tribunal do júri como testemunha de defesa de Barreiro. “Não sou amiga do réu. Apenas o conheço porque ele mora para o mesmo lado que eu. No dia e horário do crime eu vi ele e outro rapaz passar em frente a minha casa. Eles estavam indo em direção a casa dele. Me recordo claramente. Não acredito que ele seja o autor do crime”, salientou.

Família

Familiares e amigos da vítima acompanharam o júri, desde as 9h, em frente ao Fórum de Bagé. O objetivo foi mostrar que o caso não será esquecido e para pedir Justiça. O pai da vítima, Carlos Ademir Marques de Souza, comenta que a família está desestruturada. “O Leandro ia fazer 16 anos, três dias depois do crime. Isso vai ficar marcado pra sempre. Queremos que os culpados sejam punidos. E que não seja mais um caso. Ele trabalhava comigo na borracharia e tinha saído pra ir em casa e ir na escola”, relembra.

A mãe de Leandro, em depoimento, falou sobre dias anteriores ao do crime. “Meu filho foi carneado igual a um animal. Um dia antes de matarem ele, o (menor de idade) e o Émerson estiveram na frente da minha casa e bateram muito no meu filho. Deixaram ele todo machucado. Mas ele pediu pra eu não registrar ocorrência porque senão iriam matar ele”, disse ao lamentar: “Meu filho não morreu assaltando nem roubando nada de ninguém. Ele morreu indo para o colégio. Eles, até hoje, passam por mim na rua e debocham da minha cara”.

Relembre o caso

Na noite de terça-feira, por volta das 21h10min, uma briga envolvendo indivíduos não identificados e um jovem de 15 anos, acabou na morte do adolescente Leandro Maurente de Souza. Conforme conta a namorada de Leandro, Aline Marques Figueiredo, a vítima saía de casa, no Residencial Charrua, para ir à Escola Edisson Cerezer, na rua Barão do Itaqui.

No meio do caminho foi abordado pelos indivíduos, dando início à briga, que resultou em uma facada em Leandro antes que ele chegasse ao destino. A vítima teria tentado correr até a escola, já ferido, para pedir socorro, mas ainda no estacionamento perdeu os sentidos e ali ficou até a chegada do SAMU.

A diretora da escola, Nanci Quintana, conversou na tarde de ontem com a reportagem da FOLHA do SUL e disse que estava em estado de choque. A diretora contou que o jovem já havia se envolvido em brigas recentemente, fato confirmado pela namorada de Leandro. Os funcionários da escola encontraram um pedaço de tesoura e uma barra de ferro, possivelmente usadas durante a briga. “Ninguém viu nada. A briga foi fora da escola, ele correu para cá depois de receber a facada. O Leandro caiu sobre o carro de uma professora, que estava estacionado, e depois no chão”, disse.

Uma testemunha que preferiu não se identificar, viu Leandro ainda com vida gritando por ajuda ao entrar na escola, mas não houve tempo de ninguém ajudar. Além disso, cerca de quatro indivíduos foram vistos de longe agredindo Leandro e saindo correndo logo depois.

O SAMU foi acionado, mas não havia muito a fazer. Leandro chegou a ser levado para o Pronto-Socorro com vida, mas não resistiu aos ferimentos. O pai da vítima, Carlos Adenir Marques de Souza, contou que na última segunda-feira, um fato parecido ocorreu. “O Leandro saiu para ir à escola e foi espancado. Acho que era alguma rixa, mas não sabemos de nada certo. Não sabemos de ninguém que fosse desafeto dele”, comenta Souza.

O caso está sendo investigado pela 2ª DP, e já há suspeitos do homicídio. Leandro foi velado e sepultado às 19h de ontem, com a presença de familiares e amigos, no Cemitério José de Arimateia.

Folha do Sul

 

 

 

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