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QWERTY EDITORIAL | Quantos mais irão morrer?

Uma contabilidade macabra mostra o triste cenário que se instalou em Dom Pedrito, onde o tráfico de drogas dita quem vive e quem morre

A escalada da violência em Dom Pedrito é fruto do somatório de vários fatores, onde diversas causas se juntam, como numa indigesta receita em que o produto final é o cenário de insegurança vivido pela sociedade em geral.

Os entendidos no assunto apontam o consumo e o tráfico de drogas como o principal motivo para o cometimento de uma série de crimes, diretos e indiretos, e que vão criando na já traumatizada população, uma sensação de insegurança cada vez maior, sentimento que se estende à descrença para com o governo estadual, responsável legal por proporcionar ao cidadão a segurança de que precisa para viver, trabalhar e se relacionar.

O tráfico tem uma rede de distribuição e comercialização muito eficiente. Vez por outra, apreensões são feitas, mas a droga sempre chega ao seu destino, de uma forma ou de outra. A relação entre chefes de facções, distribuidores e consumidores é muito complexa. Basta que dívidas u disputas por pontos de venda se estabeleçam para que vidas comecem a correr perigo. Como se diz popularmente: “No tráfico de drogas não existe SPC”, uma referência ao serviço de proteção ao crédito em que todo cidadão de bem que fique devendo, é incluído. O SPC do tráfico é a vida do usuário ou do traficante.

Uns dizem “enquanto estiverem se matando entre eles, tudo bem”. Essa é uma visão muito pequena do problema. Isso porque quando são feitas apreensões de drogas; quando usuários ou distribuidores ficam devendo, dívidas são criadas. Qual é a maneira mais rápida de “levantar essa grana”? ASSALTOS. É, isso mesmo, agora começa a ficar claro. A violência não fica circunscrita ao mundo do tráfico, pelo contrário, ela avança sobre a comunidade como uma onda, nada pode pará-la.

Mas uma série de outros a crimes vem nessa esteira. São furtos em residências, estabelecimentos comerciais, roubo à pedestres, estelionatos e por aí vai. Em todas essas situações, cidadãos de bem correm perigo, suas vidas ficam frequentemente sob a mira de armas de fogo.

O mês de agosto vem sendo um exemplo trágico de tudo que estamos falando – em doze dias, um homicídio e duas tentativas de homicídio ocorreram em Dom Pedrito. Ironicamente, uma rua em particular foi o palco das ações criminosas, duas no mesmo bairro. Em ao menos duas delas, o tráfico de drogas aparece como estopim para as ações criminosas.

Como combater essa praga? Certamente, a resposta correta, somente as autoridades em segurança podem dar, mas até mesmo um leigo no assunto sabe que qualquer medida começa pela vontade polícia e investimento, além de educação de qualidade. Cabe, sim ao governo do Estado recuperar os efetivos da Brigada Militar e da Polícia Civil, instituições negligenciadas ao logo de décadas e que são peças chave na retomada das rédeas da segurança.

Há que se falar, também, na responsabilidade que recai sobre os ombros do usuário de drogas. Mesmo ao comprar um simples cigarro de maconha, ele está financiando o submundo do crime, onde a violência poderá, mais adiante, bater, inclusive, a sua porta, cobrando caro e por vias indiretas, o preço por alguns minutos de “barato”

A sociedade pede socorro. Quantas vidas mais, serão necessárias para o Estado acorde desse torpor que se deixou envolver? Quantos mais irão morrer até o final de 2020 para que as autoridades por nós eleitas deixem de lado seus discursos políticos e arregacem as mangas de fato?

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