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QWERTY EDITORIAL – E a falta de professores na rede municipal?

Reflexões sobre como o magistério é encarado na atualidade

Um dos destaques dessa semana no noticiário pedritense, foi, sem dúvida, uma recepção um tanto frustrante para os pais de alunos da Escola Bernardino Tatu, na quinta-feira passada (23). A equipe de jornalismo da Qwerty, que vinha acompanhando o início do ano letivo em algumas escolas, estava no local e transmitiu ao vivo o comunicado da diretora de que naquele dia, especificamente, faltavam sete professores e por este motivo, muitos alunos sairiam mais cedo ou não teriam aula, simplesmente.

Sob o protesto dos pais de alunos, a Secretária Adjunta da Educação, Renata Valadan, justificou a falta de professores naquele dia. Pouco depois, foi a vez do titular da pasta se dirigir aos pais. Marquinhos, com a sua característica diplomacia, explicou a todos que existe a falta de professores na rede municipal e que o contrato emergencial estava em vias de preencher as atuas vagas, o que em poucos dias estaria resolvido, não se justificando os ânimos acalorados daquele momento, o que serviu para aparar em parte as arestas criadas entre SMEC, escola e pais de alunos.

Mas o que se conclui desse episódio, que de certa forma não é tão grave assim, se levarmos em conta que o prejuízo para os alunos será mínimo, é que o professor, há muito tempo, deixou de receber a valorização que lhe é devida. Dom Pedrito, no contexto geral, apenas seguiu uma tendência observada em todo o Brasil, qual seja, o pouco investimento por parte dos governos, na educação, principal área em qualquer sociedade que pretenda alcançar níveis sociais e econômicos mais elevados.

Uma sociedade mais educada, munida de mais conhecimentos, apresenta também, indicadores mais positivos em todos os outros setores da vida. Saúde, bem-estar, cultura e tantos outros são impulsionados quando se tem uma educação de qualidade. Mas o que vem a ser uma educação de qualidade? Apesar de ser complexo, pode-se resumi-la como sendo a que os profissionais envolvidos, notadamente o professor, recebem os meios para desenvolver com dignidade o seu trabalho: formação, garantia de trabalho, salários, atualização e especialização, estrutura e apoio institucional, são apenas alguns pontos que podem ser citados.

Infelizmente, na atual conjuntura, é mais comum ver-se o oposto disso – falta de professores nas escolas públicas, baixa remuneração, salários atrasados (principalmente na rede estadual), estrutura defasada ou sucateada, falta de incentivo para a formação continuada, etc.

Exemplos de um projeto de educação eficiente existem aos montes, basta olhar para as nações mais desenvolvidas, onde os índices de qualidade de vida alcançam patamares invejáveis. Porque, então, não segui-los? Porque não investir na profissão que forma todas as outras profissões? Talvez seja porque o Brasil adotou uma política de remediar, em vez de prevenir. Os governos preferem ações pontuais e eleitoreiras, e que não alcançam a todos. O resultado dessa política educacional é uma só – uma classe que se vê com extremas dificuldades para manter-se em atividade, uma classe que se vê frustrada diante da indiferença das autoridades, mesmo sendo seu trabalho de suma importância na formação de uma sociedade inteira.

E que chances existem desse estado de coisas mudar? Bom, observando o atual contexto moral da classe política brasileira, será difícil haver grandes modificações em curto e médio prazo. Será preciso que pessoas diferentes das que estão no poder, atuem de forma a modificar os mecanismos estruturais dos governos, o que deverá acontecer somente quando a sociedade também mudar.

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