Qwerty Editorial – Dom Pedrito – 147 anos e a fúria dos elementos
O aniversário de Dom Pedrito, a lei de causa e efeito, a solidariedade e a fragilidade da vida humana. Depois de um temporal que causou enormes prejuízos no município, seguida de mais uma enchente, esses são alguns dos temas abordados no editorial dessa semana. Analise, reflita e deixe seu comentário, concordando ou não.

Este 30 de outubro certamente irá ficar marcado na vida da comunidade pedritense, pois um dia antes a cidade foi assolada por um dos vendavais mais fortes dos últimos anos. Dados oficiais do Inmet indicam que os ventos chegaram à impressionante marca dos 125,6 km/h, muito embora outras fontes tenham apontado velocidades acima dos 140 km/h.
As fortes chuvas que se seguiram, tanto na cidade quanto na zona rural, também castigaram a comunidade que recém contabilizava os estragos deixados pelo vento. O nível do Rio Santa Maria começou a subir e as primeiras famílias precisaram deixar as suas casas. Dom Pedrito estava em situação de emergência.
Os fenômenos da natureza estão, de certa forma, sendo previstos, porém, seus efeitos, muitas vezes são inesperados. Foi assim com o temporal que atingiu a cidade. Os institutos de meteorologia alertaram para a possibilidade de tempestade, que efetivamente aconteceu, mas a intensidade e os efeitos só foram tragicamente conhecidos ao amanhecer, quando toda a cidade ficou sem energia elétrica; várias residências tiveram seus telhados danificados completamente ou em parte; postes e árvores caíram e cabos de energia e internet se romperam.
O momento foi e continua sendo difícil uma vez que a enchente continuou evoluindo e o número de pessoas atingidas só crescia.
Mas existe, como em tudo, algo de positivo a se retirar desses episódios, aliás, é nos momentos de crise e calamidade que o ser humano é capaz de demonstrar toda a sua humanidade por assim dizer.
Para quem acredita em uma força superior, certamente é mais fácil encontrar uma explicação para acontecimentos como o que ocorreram na Capital da Paz. Se há uma conclusão, não é de que esse ser supremo esteja lançando sua ira sobre o povo. Pelo contrário, devemos ver nessas ocorrências, oportunidades de nos colocarmos no lugar daqueles que estão enfrentando, talvez, as maiores dificuldades de sua vida.
E efetivamente foi o que se viu em Dom Pedrito, não só os órgãos constituídos, como a prefeitura, CEEE, Exército Brasileiro, mas inúmeros voluntários se uniram para amenizar os efeitos do vento e da cheia.
Outra consequência dos desastres como o que atingiu a cidade diz respeito à atmosfera local. Parece que quando o egoísmo, as querelas, o crime, enfim, o mal atinge um nível preocupante, como vinha vivendo Dom Pedrito, a própria natureza, como um médico a tratar moléstia difícil, prescreve o remédio amargo, a intervenção dolorida, mas que trará a cura ao doente.
Um exemplo disso é o índice de criminalidade depois do temporal e durante os dias de enchente. Você ouviu falar de tentativas de homicídio, violência doméstica, assaltos, acidentes de transito, neste período? Os números caíram drasticamente.
Pois é. Esse doente é a comunidade, que por um tempo, ao menos, dirige seu olhar para a necessidade de ajudar a si mesma, de estender a mão, de ser solidária. Momentaneamente, as intrigas são esquecidas; a raiva diminui, o desejo de vingança sede espaço à esperança.
Em seus 147 anos, Dom Pedrito pediu de presente, não comemorações, não festividades, mas a resignação frente aos trágicos acontecimentos, o trabalho de suas mãos operosas e a compreensão de sua gente.
Em seus 147 anos, Dom Pedrito é convidada a se reerguer, a se reinventar, e mais do que isso, a refletir sobre a responsabilidade e contribuição que cada um tem para com essa coletividade humana. Pensemos nisso!