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Pedido de vistas de projeto de mestrado inviabiliza implantação de curso no campus local da Unipampa

A decisão de um professor do campus local da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) inviabilizou a implantação de um mestrado de Educação no Campo no município, projeto que, se implantado, seria pioneiro no país. O docente pediu vistas do projeto a poucos dias de expirar o prazo de inscrição na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o que evidentemente gerou revolta em professores e estudantes.

O professor Vinicius Piccin Dalbianco, vice coordenador do Projeto de Mestrado em Educação no Campo e coordenador do Curso de Educação do Campo, explicou à reportagem da Qwerty Portal de Notícias que o projeto foi aprovado na condição da Unipampa como coordenadora. “A FURG (Universidade Federal de Rio Grande) e UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) como polos da Unipampa. As duas universidades grandes se dispondo a serem polos do mestrado”, relata. Dalbianco lamenta, também, a apatia da direção do campus local, que não tomou providências em tempo para tentar reverter o quadro.

Algacir José Rigon, coordenador do Projeto de Mestrado em Educação do Campo lamenta a inviabilidade do mestrado para o campus. “Universidades do Brasil inteiro entraram em contato pedindo para participar, reconhecendo o mérito, o pioneirismo, por ser o único mestrado em rede em Educação do Campo a nível nacional. Universidades de maior tradição aceitaram ser polo da Unipampa”, afirma Rigon, explicando que a FURG acabou assumindo o projeto.

A aluna do curso de Educação no Campo, Fernanda Borges, lamenta a atitude tomada pelo docente, pois os acadêmicos e outros professores contavam com o mestrado para ter novas perspectivas profissionais, além do desenvolvimento do próprio campus.

A reportagem não conseguiu contato com o professor que pediu vistas.

Abaixo, leia nota na íntegra disponibilizada à imprensa, relatando passo a passo os acontecimentos que culminaram na inviabilidade do mestrado.

Nota sobre o Projeto de Mestrado Profissional em Educação do Campo – rede.

Nestes últimos dias vivenciamos momentos mais intensos no campo da Educação. A UNIPAMPA perdeu a oportunidade de cadastrar na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) uma proposta de projeto de Mestrado Profissional em Educação do Campo em rede.

Essa proposta nasceu em novembro de 2015, numa articulação de várias universidades e movimentos do campo num evento da Educação do Campo ocorrido na Universidade de Rio Grande (FURG) no Município de São Lourenço do Sul.

Foram inúmeras reuniões e espaços de discussão com dezenas de pessoas até chegarmos numa proposta adequada a tod@s (todos e todas). Ao longo do processo, a UNIPAMPA foi escolhida para coordenar a proposta, tendo a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a FURG como polos (nessas duas instituições foi aprovada com reconhecido mérito).

A partir daí, iniciou os tramites internos para qualificar o projeto e agregar apoios. Na UNIPAMPA Campus Dom Pedrito, o projeto começou a tramitar em 05/2016, por ocasião da participação do Edital de Chamada Interna, procedimento padrão nesta Universidade.

Ainda no ano de 2016, o projeto foi aprovado nas instâncias do Campus. No ano de 2017, tramitou novamente no campus para pequenos ajustes (todos atendidos), após parecer favorável da Comissão Superior de Ensino (CSE).

Após essa tramitação, o processo foi encaminhado para o CONSUNI com parecer final favorável da CSE. Na última reunião desse conselho, ocorrida no dia 26 de outubro, um dos representantes do campus Dom Pedrito pediu vistas ao processo sem justificar os motivos. Surpreendentemente, esse mesmo conselheiro, que também é coordenador de curso, participou na construção da proposta como membro das instâncias do campus, sempre com voto favorável ao projeto de mestrado. Além disso, o pedido de vistas foi mantido mesmo após o conselheiro ter sido alertado sobre os limites do calendário da CAPES. Ou seja, a UNIPAMPA perdeu o prazo para cadastro na CAPES como proponente da proposta. Essa situação é ainda mais grave para Dom Pedrito, pois se trata de um campus que ainda não tem nenhum curso de Pós-Graduação stricto sensu.

Temos conhecimento e respeitamos os espaços institucionais da Universidade, contudo, esse desenrolar revela uma irresponsabilidade com o avanço Universitário, com a possibilidade de ampliação da oferta de novas oportunidades educacionais e formativas para a sociedade, repercutindo negativamente não somente para a comunidade de Dom Pedrito.

Nesses últimos dias recebemos dezenas de manifestações de apoio, entre elas, a expressiva participação comunitária na reunião do Conselho do Campus realizada hoje (31/10) – na noite de ontem, terça-feira.

Fica aqui nosso sentimento de tristeza e pesar. É com o apoio das manifestações sociais que estamos nos reorganizando para novos tempos onde possamos viabilizar esse projeto.

Fraterno abraço a tod@s, (todos e todas),

Algacir José Rigon – Coordenador do Projeto de Mestrado em Educação do Campo

Vinicius Piccin Dalbianco – Vice-Coordenador da Projeto de Mestrado em Educação do Campo

Coordenador do Curso de Educação do Campo

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