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PANDEMIA – Pedritenses falam sobre impactos em suas áreas de atuação

Para a primeira entrevista, o inspetor de polícia Lauro Telles responde perguntas sobre as mudanças na rotina pessoal e profissional depois que entraram em vigor medidas para refrear a pandemia no município

Trabalhando há vários anos no município, o inspetor de polícia Lauro Telles é pessoa conhecida e digna de crédito na sociedade, pelo trabalho que desempenhou ao longo dos anos na Delegacia de Polícia de Dom Pedrito. Sentindo o impacto da pandemia, assim como todo o mundo, literalmente, ele respondeu alguns questionamentos da nossa reportagem sobre como essa situação impacta no trabalho da polícia, bem como as alterações na sua rotina pessoal, os cuidados com a saúde da família, entre outros. Acompanhe.

  • Pela característica da tua profissão, como está sendo esse período de quarentena?

A quarentena acaba impondo algumas restrições ao nosso trabalho, que é eminentemente de atendimento e contato com as pessoas, onde há investigações, abordagens, entrevistas, etc. Embora não façamos um trabalho de patrulhamento, o nosso trabalho em rua é grande. Então precisamos ser um pouco mais criteriosos nesse contato com as pessoas, para não nos colocarmos em risco, nem as outras pessoas. O local onde nós trabalhamos, é, também, visitado por muitas pessoas. Estamos usando de criatividade para romper algumas barreiras. A quarentena traz prejuízos à comunidade e polícia não é diferente.

  • Como as medidas anunciadas em decretos de várias esferas afetaram o trabalho da delegacia?

Como eu disse, temos restringido o atendimento, para evitar aglomerações e possíveis contaminações, uma vez que a Delegacia de Polícia é um local onde circulam dezenas, às vezes centenas de pessoas por dia. Algumas necessidades estão sendo atendidas pela internet, através da delegacia on-line. De qualquer forma, o atendimento continua sendo feito, principalmente as ocorrências mais graves, fazendo uso de equipamentos de proteção. Temos alguns prazos legais a cumprir com o Poder Judiciário, e Ministério Público.

  • Observa-se alguma mudança no comportamento do crime em Dom Pedrito?

O espaço de tempo ainda é pequeno para avaliar, mas eu diria que tem se mantido estável. O que se pode dizer é que a criminalidade não diminuiu, uma vez que vários crimes aconteceram durante o período de quarentena – furtos e arrombamentos por exemplo. Os crimes contra o patrimônio talvez sejam os que se mantiveram, possivelmente como reflexo da necessidade que muitas pessoas tiveram de parar com suas atividades;

  • Como é o desafio de precisar seguir com as atividades em meio à pandemia que bate à porta de todos?

A pandemia nos traz certa preocupação, além da que normalmente temos em nossa atividade. Além de todo estresse de lidar diretamente com a criminalidade, temos que ter cuidados redobrados com a própria segurança e saúde. Em alguns mandados de busca, com prisões que cumprimos recentemente, tivemos que fazer diligências usando EPIs, como luvas, mascaras;

  • Como está sendo a tua rotina e os cuidados com a família, por exemplo?

A rotina familiar é bastante complexa. Além do meu trabalho que me expõe bastante a situações de risco de contaminação, minha esposa é médica, trabalha no consultório e no hospital, então ela também se expõe bastante. Por termos filhos pequenos, adotamos uma rotina muito rígida no sentido da higiene pessoal. Quando chegamos em casa, antes mesmo de entrar, retiramos a roupa em uma área reservada, fazemos a higiene e só depois entramos em contato com as crianças. Esta tem sido uma forma de tentar evitar que o vírus chegue até a nossa casa. Mesmo sendo praticamente impossível que venhamos a ter contato com alguém contaminado, esperamos que essas ações possam minimizar esses riscos.

  • Como cidadão, qual é a tua opinião sobre as medidas adotadas em nível municipal?

Vejo com bons olhos a preocupação de todas as esferas para combater a pandemia. Posso dizer que concordo com muitas ações, não todas, que vem sendo tomadas nas esferas federal, estadual e municipal, faltando, talvez, “afinar” as ações entre elas. Preocupo-me com o futuro, tanto com relação ao avanço da pandemia como a escassez de trabalho, de alimento, a situação da economia, a fome, o aumento da violência. Precisamos cuidar muito da saúde de todos, mas também buscar meios de tentar retomar algumas atividades, ao menos aquelas que não tenham tanto risco, seguindo as orientações das autoridades de saúde, sendo algo a se pensar muito em breve.

  • Deixa um recado para a comunidade pedritense.

O que eu digo para os pedritenses, é o mesmo que eu digo para minha família e meus amigos – esta é uma fase difícil, uma fase que ninguém queria estar vivendo, que deixa as pessoas apreensivas, preocupadas, amedrontadas, mas manter a calma e a fé é o mais importante neste momento. Temos famílias que dependem de nos, que dependem da nossa sanidade física e mental. Temos que ter preocupação, mas sem deixar a histeria tomar conta, caos contrário não vamos conseguir tomar as medidas necessárias. Temos que ter fé e fazer a nossa parte.

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