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Operação Sicário – The Black List

A maior operação policial que Dom Pedrito já viu e a lista negra de pessoas presas

A manhã de 4 de setembro ficará marcada da comunidade pedritense em razão da ação policial que aterrissou, literalmente falando, ao lado da delegacia local – mais de 400 policiais, aproximadamente 160 viaturas, um helicóptero, 64 mandados de busca e apreensão e 36 mandados de prisão preventiva, além dos 24 bloqueios de contas bancárias, ou seja, um total de 124 ordens judiciais.

Em diversas ruas e bairros o que se via eram aqueles carros pretos parados em frente a residências de pobres e ricos, pretos e brancos, em área centrais e periféricas. Um número impressionante de quase 40 pessoas, depois de uma alvorada atípica, protagonizada pelos pés justiceiros de centenas homens e mulheres da lei, experimentou a sensação de ter os pulsos algemados e de sair cabisbaixos de suas casas, sob o olhar condenatório de seus vizinhos.

Cumpridos a maioria dos mandados judiciais, um volume crescente de policiais começou a se concentrar em frente a delegacia de polícia que naquela manhã recebeu não só o maior número de policiais de sua história, em uma só vez, mas também, o maior número de pessoas presas, seguido pelo maior número de advogados criminalistas, e até uma estrutura precisou ser organizada para realizar nela mesma, as dezenas de exames de lesão corporal. Pudera, seria impraticável para os profissionais do Pronto Socorro local realizarem tantos exames, em meio ao atendimento dos pacientes que diariamente procuram a instituição.

Com destaque estadual, nosso jornalismo fez uma cobertura ampla do acontecido, mas uma pergunta se repetiu insistentemente: “quem eram as pessoas presas”? A despeito da lei de abuso de autoridade prever punição quando da divulgação de nomes e fotos de pessoas presas ou acusadas, mas que não foram condenadas com trânsito em julgado, expressão utilizada para designar a pessoa que foi condenada judicialmente e que não pode mais recorrer da decisão, listas, relações contendo nomes de pessoas começaram a circular, principalmente em grupos de whatsApp. E mais, fotos dos homens e mulheres presos na ação vazaram e também viralizaram. A “The Black List” estava formada, muito embora, os veículos oficiais de imprensa não tenham publicado nada a respeito. E porquê? Simplesmente porque a lei não permite, porque ações judiciais podem ser movidas contra o veículo ou pessoa que assim o fizer.

É claro, o público, sedento de sangue, exige sua cota de pão e circo, quer saber os nomes e sobrenomes, e até certo ponto ele tem razão, uma vez que é esse um dos papeis da imprensa – levar a informação correta, do contrário, cada vez mais se corre o risco de ver situações como a que foi vista, isto é, a imagem (leia-se o nome) de pessoas que não tinham absolutamente nada a ver com o caso, simplesmente pelo fato de o imaginário popular ser fértil para a maledicência.

O saldo da Black List é que a origem das fotos e nomes deverá, muito provavelmente ser investigada e possivelmente punida por ter vazado informações com o nome e fotos dos acusados que, certo ou errado, possuem seus direitos assegurados por lei. Ademais, muitos dos que foram presos no fatídico 4 de setembro já estão gozando da liberdade, aquela mesma destinada aos justos. Culpados ou não, deverão responder as acusações em liberdade até que o Poder Judiciário julgue cada caso.

O saldo da Black List é o retrato de uma cidade tomada pelo tráfico de drogas, e a operação realizada pela Polícia Civil mostra mais uma presença esporádica do Estado, do que o real investimento que deveria fazer na segurança pública.

O saldo da Black List é o ápice da criminalidade que Dom Pedrito atingiu, mas que infelizmente deverá ser ultrapassado caso o governo estadual não reveja a forma como vem conduzindo essa área. Brigada Militar, Polícia Civil, IGP – Instituto Geral de Perícias e outros órgãos afins precisam de investimento, de ações preventivas, do contrário operações como a que Dom Pedrito viu, serão mais frequentes do que se imagina.

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