O racismo que habita em nós

O caso do vereador do PTB Antonio Valesan, da cidade de Roca Sales, Norte Gaúcho confirma e reascende uma conduta do povo gaúcho – o racismo. Em sua fala da tribuna, durante sessão legislativa realizada na noite de sexta-feira passada (4), ele usou expressões racistas ao cobrar serviços naquela cidade.

– “Temos que respeitar a natureza e não podemos ficar fazendo essas coisas. Então, eu gostaria muito de pedir a atenção dos secretários de Roca Sales para não prejudicar o meio ambiente. A parte dessa documentação está na promotoria do município e se isso continuar, e não tiver um trabalho de gente branca, que sabe fazer esses trabalhos, com técnicos, nós vamos embargar aquilo lá” — disse o vereador. Valesan certamente orientado, reconheceu o erro e pediu desculpas publicamente em uma carta aberta.

Em agosto deste ano, situação semelhante marcou a fala do prefeito de Erval Seco. Em uma entrevista a uma radio local ele disse: “Fizemos realmente um trabalho de gente branca, vamos dizer, um trabalho perfeito”. Sesse caso, ele também pediu desculpas pelo comportamento.

Esses dois casos que, pela sua repercussão ficaram conhecidos de todos, servem para uma única coisa: confirmar e escancarar o racismo que habita em nós. E quando digo “nós”, refiro-me à maioria dos gaúchos que, influenciados pela história recente de imigração de povos europeus, esquece-se que grande parte de sua grandeza se deve ao suor e sangue de negros escravizados.

Essas falas não são somente racistas. Elas são abomináveis sob todos os aspectos. Elas mostraram publicamente aquilo que é muitas vezes feito de forma velada. Quando não é por palavras, é por atos, por olhares e até por omissões.

Que esses casos sirvam de exemplo de como não agir. Que sejam punidos enquanto se repetirem.