O dono de um dos armazéns mais antigos de Dom Pedrito
Há 60 anos ele atende a comunidade no Bairro São Gregório

Borges recebeu a reportagem da Qwerty em sua venda. Idoso, mas ostentando uma lucidez invejável, conversamos atrás do balcão. O bolicheiro conta que aos 20 anos colocou para funcionar o armazém em uma peça cedida na casa de seus pais mesmo. Depois, com o passar do tempo, construiu o local onde está até hoje. “...No começo a clientela era muito boa. O ponto, saída e chegada da campanha facilitava…”, comenta seu Atilano.

Naqueles primeiros tempos, sem a presença dos grandes supermercados, seu comércio vendia uma variedade de produtos – além dos gêneros alimentícios, comercializava-se de tudo um pouco – bazar, medicamentos, ferramentas como foices, saraquás, panelas, etc. Perguntado sobre as antigas livretas (forma tradicional de crédito dos antigos comércios), ele disse “Vendia e ainda vendo” – nada das máquinas de cartão ou Pix que estamos acostumados.
Atilano Borges, este é o nome de um senhor de 79 anos e que há mais de 60 anos é dono de um dos armazéns mais antigos de Dom Pedrito, ainda em atividade. Casado desde novembro de 1963 com Maria Zoila Garim Borges, teve dois filhos, um já falecido. É o primeiro filho de um castelhano e uma pedritenses e se criou ali mesmo no Bairro São Gregório. Seu pai Martim Gomes Seoanes, era dono de um açougue e por seu caráter e boa índole emprestou seu nome para uma rua naquele bairro.
Falando ainda dos tempos áureos, Atilano lembra da época em que o movimento comercial era tão bom que possibilitou a contratação de um funcionário. Depois, com a chegada dos supermercados, e o menor número de pessoas morando na zona rural, a clientela foi diminuindo, mas nada que tire o bom humor e simpatia do comerciante.
Aposentado desde 1997 pelo INSS, ele conta que não pretende parar com as atividades. “…A gente já tá acostumado. Se a gente deixa, vai se encerrar em casa, aparece uma coisinha ou outra e aqui a gente vai levando…”, brincou o velho comerciante.
Hoje os clientes se resumem aos moradores das redondezas e alguns poucos da campanha, sinal das mudanças da sociedade. Questionado sobre que dificuldades enfrentou na vida de comerciante, Atilano revela com sobriedade que nada era difícil, “…tudo que se colocava, vendia. Difícil tá agora, de uns dez anos pra cá…”, frisou.
Em meio aos produtos nas prateleiras, a conversa com amigos e clientes, nosso entrevistado vai levando a vida, e sem perceber, deixando um legado de amizades, lembranças e propósitos.



