- DestaquesNOTÍCIAS

Morando em Montevideo, pedritense narra sua experiência com o coronavírus no país vizinho

Contabilizando ao menos 50 casos confirmados e com contaminação comunitária, o Uruguai, pais com dimensões semelhantes ao Estado do Rio Grande do Sul, vem enfrentando dificuldades com o avanço do coronavírus.

O pedritense Pedro Pohlmann está morando em Montevideo desde o início de 2017.  “Conto com orgulho ser Enólogo egresso da nossa amada UNIPAMPA. Vim fazer meu estágio na Bodega Bouza e acabei ficando, trabalhando na comunicação na vinícola e contato com nossos clientes de todos os continentes. Com turismo, mais especificamente”.

Como o avanço do coronavírus apanhou os uruguaios?

Os primeiros casos do Coronavirus apareceram entre 03 e 06 de Marco, parte em Montevideo e outro em Salto, departamento abaixo de Rivera. Em poucos dias os casos se espalharam e começou a transmissão comunitária.  As aulas foram suspendidas imediatamente e as quarentenas apoiadas pelo estado. Nós, na vinícola, por exemplo, decidimos fechar, por tempo indeterminado, a partir da segunda-feira passada. A entrada de indivíduos provenientes de risco já foi suspensa e na sexta-feira, às 11h59min todas as fronteiras fecham definitivamente. Mais de um cento de uruguaios estão fora do país e não sabem como voltarão. A disseminação tem sido rápida e hoje já temos 50 casos.

O departamento de salto está cercado com mais de 100 casos suspeitos, proibidas tanto entradas quanto saídas. Hoje, todos os shoppings fecham, todos os teatros fecharam, assim como cinemas e prédios públicos que recebiam visitas. O Uruguai tem sido um exemplo em prevenção, definitivamente, e mesmo assim o vírus tem se disseminado de forma bastante agressiva.

Em Montevideo, como está repercutindo tudo isso? O que as pessoas pensam a respeito?

Está havendo um pouco de histeria. Nos supermercados, filas enormes e desespero por álcool em gel, que não se encontra em nenhum local. Como muitas empresas estão fechando (principalmente turismo, restaurantes, hotéis e comércios), o Banco de Previsão Social está estudando formas de cobrir os gastos dessa quarentena que ainda que ainda não é obrigatória.

Hoje soube que os freeshops da fronteira também fecham. Estamos esperançosos, acreditando que a curva de contaminações continue baixa, permitindo assim que o sistema de saúde possa atender aos afetados. É bom lembrar que dois em cada dez doentes precisam de cuidado médico, portanto, a ideia é prolongar ao máximo as contaminações para não sobrecarregar o sistema de saúde.

Além da questão humana em um primeiro momento, o governa fala sobre prejuízos financeiros em decorrência da crise ora instalada?

Infelizmente a curva recém começa a subir e já levaríamos, hoje, seis meses para recuperarmos. Comento que meu esposo é docente na rede publica de ensino, em escolas de contexto crítico, e provavelmente as aulas retornem somente em maio. Estamos falando em meses, então precisamos ser cautelosos e cumprir as regras sanitárias para que tudo passe o mais breve possível.

Como tem sido tua rotina ultimamente?

Acostumado a falar com centenas de pessoas todos os dias, tenho tentado não enlouquecer (risos). Lendo, assistindo filmes e séries, tentando desconectar um pouco e repensar, afinal, estamos vivendo tempos únicos. É estranho pensar que tenho que ir a fruteira mais tarde e tenho um pouco de receio por ir à esquina.

Como alguém que está enfrentando uma situação bem mais grave, que mensagem tu mandaria para os brasileiros, notadamente teus conterrâneos e familiares?

Eu não acho que a situação seja mais grave, sinceramente. Nossa fronteira é terrestre, somos todos carne, todos sangramos, independente de credo, cor ou raça. Não é motivo para pânico, mas podemos aprender com os países europeus: Foi pedido à população que permanecesse, quando possível, em casa, e isso não foi respeitado, levanto a aumentos exponenciais nas contaminações. Pediria a todos cautela. Aos que precisam sair de casa (sabemos que a quarentena é um privilegio) que lavem as mãos, que respeitem o espaço de cerca de um metro, que evitem aglomerações. Aos aposentados ou aqueles que tem a possibilidade de ficar em casa, que o façam. Não vamos subestimar este vírus, não queremos que o sistema de saúde precise escolher quem tratar. Vovôs e vovós: se cuidem e peçam pros netos mimarem bastante vocês! O jogo virou (risos).

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo
×

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios