Mais de 390 empresas fecharam as portas em Bagé neste ano

A impressão de quem anda pelas ruas de Bagé, de que muitas empresas estão fechando, principalmente na área do comércio, se confirma com os dados oficiais. O ano ainda nem terminou e os dados da Secretaria Municipal da Fazenda já apontam que 393 empresas fecharam as portas na cidade. Os números ainda não estão separados por setor específico de atividade, mas, comparados ao total do ano passado, quando 296 empresas fecharam as
portas, já se verifica um significativo aumento.
Lojas tradicionais
Dentro deste cenário, chama atenção a cessão das atividades de empresas tradicionais, com décadas de atuação. É o caso da loja Solaetela, localizada na avenida Sete de Setembro, que atua há 30 anos no comércio de roupas, sapatos e acessórios. A empresária Leilah Kalil Castro explica que esta decisão já vinha sendo pensada há algum tempo.
“Quero diminuir minhas atividades”, diz ela, que também afirma que o momento atual do mercado contribuiu para o fim das atividades. “A loja se consolidou. Foram 30 anos marcantes, de inovação e desfiles. Mas precisamos dar espaço paras as novas gerações. Acredito que a tendência é melhorar o mercado, não se sabe exatamente em quanto tempo, mas a pior fase já passou”, avalia, analisando a tendência para futuros empreendimentos na área do comércio.
A tradicional loja fica aberta até o fim do ano, ou até que acabem os estoques. A data máxima para o fechamento definitivo da loja é o dia 10 de janeiro. Outra empresa muito conhecida no ramo, e que também fechou as portas, é a Samir Moda Grande, ramificação da Samir Armarinho, que já funcionava há cerca de 20 anos.
A proprietária Ivone Mansur justifica que o fechamento foi necessário por motivo de doenças na família, o que ocasionou um acúmulo de trabalho para ela. “Então precisei decidir, ou ficava só com o armarinho ou só com a loja. Preferi o primeiro que é mais tradicional e para a confecção, era preciso viajar muito. É claro que o momento delicado do mercado contribuiu”, confirma.
Entidades avaliam questão
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas) de Bagé, Nerildo Lacerda, confirma que o fechamento de empresas no setor do comércio foi elevado este ano. “Além daquelas que não fecharam, mas diminuíram o espaço físico ou atividades”, disse. Ele afirma que uma pesquisa neste sentido já foi iniciada, mas ainda não está concluída.
Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o desempenho do varejo em 2016 deve ser o pior em 16 anos. Se confirmadas as previsões, com os dados fechados no fim do ano, 2016 terá o pior desempenho do comércio desde 2001.
Futuro
Mesmo diante deste cenário, há uma perspectiva positiva para o futuro. Segundo dados da Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), o resultado do Índice de Confiança do Empresário do Comércio do Rio Grande do Sul (ICEC) confirmou em dezembro a tendência de crescimento já verificada no mês anterior. O indicador – 96,3 pontos- apresentou elevação de 23,7% sobre o mesmo período do ano passado.
Segundo análise da entidade, o dado revela um gradual processo de redução do pessimismo do empresariado, conforme pesquisa divulgada na última segunda-feira.
Maritza Costa / Jornal Minuano