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Funrural, alta dos combustíveis e falta de infraestrutura motiva protestos da classe produtora

Protestando contra o pagamento do Fundo de Apoio ao Trabalhador Rural (Funrural), ao aumento dos combustíveis e outras demandas relacionadas à tributação e baixa nos preços, os produtores rurais reuniram-se no trevo da Cotrujuí, às margens da BR 293, ainda na manhã desta quarta-feira (16). O protesto foi uma iniciativa da Associação dos Agricultores de Dom Pedrito (AADP) e teve boa adesão.

A reportagem conversou com Cristiano Cabrera, futuro presidente da AADP, que explicou que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela inconstitucionalidade do Funrural, entretanto, o presidente Michel Temer reuniu-se com o STF, para que se votasse novamente o Fundo, que acabou passando, conforme o voto da maioria dos ministros do Supremo. “Agora querem cobrar o atrasado do produtor, esses seis anos que não foram pagos (a inconstitucionalidade foi declarada em 2011), há produtores que devem milhões. Boa parte dos produtores não tem como pagar essa conta, pois o endividamento é grandíssimo. Tivemos três safras ruins na corrida. O arroz de R$ 52,00 caiu para R$ 37,00, a soja de R$ 90,00 caiu para R$ 60,00. O produtor está descapitalizado e endividado”, ressalta Cabrera.

Os custos da lavoura de arroz, por exemplo, a produção do saco está avaliada em R$ 45,00, mas comercializado a R$ 37,00.  “Está faltando para cobrir a despesa. Tivemos os problemas com a pecuária, gerados pelo próprio governo. Temos problemas com o arroz, além da soja”, lamenta Cristiano. O arroz estocado, de cerca de 1,8 milhão de toneladas, sem a saída devida para comércio exterior, também deverá afetar o preço do grão na próxima safra, a situação ficou insustentável quando o governo anunciou os reajustes nos combustíveis.

“O produtor não tem mais como pagar estas contas. Não pagamos por que não queríamos pagar (o Funrural), pois foi declarada a inconstitucionalidade”, disse, ressaltando que o governo federal também não tem feito muitos esforços em prol da classe produtora, além do Rio Grande do Sul ter a maior tributação do Brasil, deixando os produtores sem competitividade, embora a União tenha acenado com o emparelhamento dos tributos entre os estados.

Falta de estrutura para exportar os grãos

Cabrera evidencia que há total falta de estrutura para exportar arroz. “As empresas locais estão nos apoiando por que não conseguem retirar o produto das instalações”. Sobre a estrutura oferecida na principal porta de saída para as exportações, em Rio Grande, Cristiano diz que está sucateada. “Precisa ser exportada através das indústrias (privadas) de soja. Elas, em intervalo do andamento da soja, conseguem exportar arroz”, constata.

Em reunião com o prefeito Mário Augusto, foi feito contato com a Federação das Associações de Municípios (Famurs), e é consenso que se a agricultura passar por problemas financeiros graves, isso irá afetar – como já está afetando – toda a cadeia econômica. “Além do desemprego que vai ter no campo, vai ter na cidade”, constata Cristiano.

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