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Explosão de casos e dificuldade em identificar origem geram apreensão às autoridades de saúde de Bagé

Gestores fizeram apelo por respeito às medidas sanitárias

A pandemia por coronavírus que alcançou Bagé em março e havia sido estabilizada, pode sair do controle. Esse foi o alerta das autoridades de saúde, neste fim de semana, quando registrou mais dois óbitos – homem de 97 anos, morto em 19 de julho, e uma mulher de 88, que morreu, no sábado, na Santa Casa de Caridade. Os gestores da saúde afirmaram que os dois pacientes, além da idade avançada, também tinham diversas comorbidades e que não é possível determinar a causa da morte pelo vírus, contudo, é certo que ambos estavam com a doença. Ainda na sexta-feira, com o aumento nas estatísticas de internações e casos positivos, o governo do Estado mudou o status da região para bandeira vermelha – de alto risco de contaminação, porém, o prefeito de Bagé sustentou que vai recorrer da decisão.

À solta

Um dos sinais observados pelas autoridades de saúde quanto ao risco de contaminação é que se verificou nos últimos boletins epidemiológicos, durante a semana, é que cada vez mais as linhas de contágio demoram a ser estabelecidas. Isso quer dizer que o vírus está, de fato, circulando na população, conforme alertou em mais de uma oportunidade à reportagem do jornal Folha do Sul, o titular da 7ª Coordenadoria Regional de Saúde, Ricardo Necchi: “Digo isso há muito tempo. Esses casos sem a linha de contaminação clara aumentam muito a preocupação. A epidemiologia dos municípios tentam estabelecer as rotas e quando isso não é possível, se trata do aumento da gravidade (da situação), sem dúvida nenhuma”.

Outra informação revelada pela secretária de Saúde e Atenção à Pessoa com Deficiência, Deise Quadros, é que as equipes têm enfrentado dificuldades ao questionar as pessoas sobre as circunstâncias na qual foram contaminados. Na noite de sábado, ela ressaltou que a irresponsabilidade em realizar festas, confraternizações e aglomerações ocasionou em 25 novos casos. “A situação é grave. Não é uma gripezinha. Vamos respeitar as medidas sanitárias. As duas linhas de contaminação que surgiram a partir de confraternizações geraram mais de 100 novos casos. Estamos também com grandes dificuldades em identificar as linhas de transmissão porque as pessoas estão omitindo informações”, alertou.

Em transmissão em rede social, o prefeito Divaldo Lara garantiu que as contaminações que circulam no município não têm relação com as atividades econômica, tendo origem principal em aglomerações e festas clandestinas, por isso, iria recorrer da transição para bandeira vermelha, sob a justificativa de não prejudicar as atividades produtivas, já muito afetadas pela crise causada pela pandemia. O prazo final para o recurso é às 6h de hoje e o Estado deve divulgar os novos mapas do Distanciamento Controlado ainda hoje.

Salto de 63,6% em um mês

Conforme dados da Prefeitura de Bagé, em 26 de junho, o município tinha 115 casos confirmados pelo vírus SARS-CoV-2 e 109 pessoas haviam se recuperado da doença. Na época, a cidade ainda não havia registrado óbitos. No sábado, o número de casos confirmados já era de 316, 63,6% a mais que os dados de um mês antes, porém, o mais preocupante é que cerca de 100 pessoas ainda estavam na fase ativa da doença, podendo transmitir a covid-19. Por isso, a secretária Deise Quadros fez um apelo à população, para que sejam respeitadas as medidas de controle.

Por outro lado, dias antes, o responsável por um dos festejos que ocasionou a infecção de mais de 50 pessoas em Bagé, alegou publicamente que não tinha responsabilidade sobre o fato, mesmo que mais de 100 pessoas tenham passado pelo local, em grave atentado contra a saúde pública, filmado e fotografado pelos próprios participantes, além de afirmar que “a comunidade que o devia desculpas”. Qualquer que tenha sido a real intenção dessa pessoa ao fazer essas afirmações, o fato é que situações como essa e a total irresponsabilidade com que é tratada, poderão manter Bagé sob bandeira vermelha e agravar a situação nos hospitais nas próximas semanas.

Fonte: Folha do Sul

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