Entidades tradicionalistas decidem não participar do Desfile Farroupilha em Bagé

Mais de 26 entidades tradicionalistas de Bagé decidiram, no sábado à noite, que não irão participar do desfile dos cavalarianos, previsto para ocorrer durante as comemorações farroupilhas deste ano.
O encontro ocorreu no Piquete Presilha do Rio Grande e reuniu representantes das entidades que debateram as condições para efetuar os exames, que têm o objetivo de diagnosticar a presença ou não do mormo em equinos. Os exames são exigidos pela Secretaria da Agricultura. A entidade que não cumprir com essa norma corre o risco de pagar multa de R$ 1,5 mil por animal, ou como responsável pelo evento, o valor pode chegar a R$ 15 mil.
O patrão do Grupo Tradicionalista Gaúcho (GTG) Vencendo Batalhas, Alex Sander Faria Bernardes, destaca que a decisão oficial de não participar do evento surgiu a partir da constatação do pouco tempo hábil para cumprir com os prazos de vacinação dos equinos, bem como o alto custo para os participantes.
O patrão da entidade ainda ressalta que muitas pessoas vêm do interior de Bagé para desfilar e que os valores para pagar pelo exame tornam-se fatores que impedem a adesão dos tradicionalistas. “Acredito que deveria ter mais diálogo junto com as entidades, além de uma participação da prefeitura para auxiliá-las nesses gastos. Em cidades como Pinheiro Machado, eles se organizaram mais cedo para esse evento. Tem que se avaliar que muitas vezes o participante prefere fazer o exame para rodeios porque o prazo de validade do exame hoje é maior, o que possibilita que ele participe dessas atividades. Não é atrativo ele fazer os exames especialmente para o desfile. Por outro lado, fica inviável para uma entidade custear todo esse procedimento, ainda mais em uma época de crise”, argumenta Bernardes.
O tradicionalista acredita que, se as tratativas para a realização do desfile continuarem dessa forma, haverá uma participação reduzida de cavalarianos. “Vai ter cavalariano ‘solteiro’ que irá desfilar, mas ele saberá os riscos que estará correndo. O que eu não posso é assumir esses riscos como entidade. O que irá acontecer é uma repartição. Uma repartição interna nos piquetes e, no próprio desfile, porque ficará apenas aqueles que podem pagar. Acredito que Bagé, que é uma referência em desfile farroupilha, perderá”, declara Bernardes.
Contraponto
O presidente da Comissão de Festejos Farroupilhas de Bagé, Carlos Alberto Morales, em contato com a FOLHA do SUL, destaca que já foram realizadas reuniões com as entidades tradicionalistas da cidade e divulgadas as questões referentes ao desfile de cavalarianos.
Sobre os valores, ele aponta que não tem como a comissão ou o poder público custear os exames. “O que estamos tentando fazer é retomar o desfile, já que no ano passado pela pressão do mormo não conseguimos fazê-lo. Entramos em contato com a Inspetoria Veterinária que disse que o desfile pode ser feito, mas tem que ser dentro das normas. Ou seja, o exame é obrigatório. Estamos trabalhando de forma séria, junto à Inspetoria, ao comando da Brigada Militar para que o evento possa sair. Conseguimos médicos veterinários que farão exames de forma mais barata. Cada um poderá recorrer ao profissional que desejar, mas conseguimos um técnico responsável que irá cobrar pelo exame R$ 100 por animal. Então, estamos tentando de todas as formas garantir que o desfile ocorra”, comenta Morales, que enfatiza que no dia 20 haverá o desfile de cavalarianos em Bagé. “Já temos a confirmação de CTG’s e piquetes que irão participar. São entidades organizadas, que cultuam a tradição e estão empenhadas na realização do evento”, afirma Morales.
O dirigente da Comissão de Festejos Farroupilhas de Bagé informa que no dia 11 haverá nova reunião da entidade para debater a seguinte pauta: o Baile da Escolha de Prendas, que acontecerá no CTG Prenda Minha e a Distribuição de Ronda da Chama Crioula.