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Dom Pedrito figura entre as cidades com maior número de homicídios do RS

Disputa entre traficantes está entre as principais causas da violência

O município de Dom Pedrito figura na 24ª colocação no Estado (até o mês de setembro), em número de homicídios dolosos (com intenção de matar). Este número é confirmado pelos relatórios disponibilizados pela SSP/RS – Secretaria de Segurança Pública do Estado e retratam um descompasso na própria instituição, uma vez que, em tese, esse números deveriam servir como base para o envio de efetivo e viaturas para cada cidade.  Em um universo de quase 500 municípios, esta colocação não é de se orgulhar.

Por questão de segurança não se fala em quantidade de policiais em Dom Pedrito, mas pode-se dizer que nos últimos anos o município teve uma redução de efetivo da Brigada Militar, levando em conta a chegada de novos militares e as aposentadorias e transferências. Fontes de nossa reportagem afirmam que a última viatura enviada para o quartel da BM local ocorreu há quatro anos, ainda no governo Sartori.

Já são 10 homicídios em 2022, o que no comando regional da Brigada Militar coloca Dom Pedrito em primeiro lugar ao lado de Uruguaiana, e a frente de cidades como Bagé, Alegrete, São Borja e Santana do Livramento, por exemplo, todas estas, cidades com uma população superior a da Capital da Paz. Se nessa equação acrescentarmos o número de habitantes, Dom Pedrito figuraria nas primeiras colocações, proporcionalmente.

A SSP/RS não está olhando como deveria para os próprios dados. Se olhasse, certamente Dom Pedrito teria recebido a atenção que merece. Em vez disso, o que se vê é que a cada nova turma formada de brigadianos e policiais civis, a região metropolitana de Porto Alegre recebe a maior parte do quinhão, enquanto municípios do interior continuam sendo negligenciados pelo governo.

Contatado pela reportagem da Qwerty, o delegado titular da delegacia de polícia local, Dr. Fabrício Ferreira disse que os casos de homicídios estão sendo investigados.

Conversamos também com o Capitão Patrique Rolim Marques, comandante do Esquadrão da Brigada Militar em Dom Pedrito. O militar revelou que a situação do alto número de homicídios no município em 2022 preocupa a corporação e que por conta disso já tem realizado algumas ações como a implantação de uma patrulha rural e de uma guarnição da Força Tática na área urbana.

O comandante revela também, que a transferência de alguns lideres criminosos para outros presídios gerou uma disputa por pontos de tráfico, o que justificaria alguns dos homicídios (pelo menos a metade) cometidos este ano.

Nesse cenário, a escalada da violência expõe uma lacuna que foi preenchida pela audácia de grupos criminosos, muitos deles comandados de dentro das casas prisionais, outro Calcanhar de Aquiles da segurança pública rio-grandense. Falta de investimento, material e humano no sistema prisional do Estado, tem sido um dos fatores responsáveis por inúmeras ocorrências, algumas delas com troca de tiros, inclusive no Presídio Estadual de Dom Pedrito. Também pudera, um percentual bastante elevado dos crimes cometidos “aqui fora”, são orquestrados por lideranças e facções de dentro dos presídios.

Os fatos e os números aí estão. Confiemos que em algum momento as lideranças estaduais olharão para Dom Pedrito. Caso contrário, é provável que o número de homicídios que este ano alcançou dois dígitos, aumente ainda mais até dezembro.

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