Diretor-técnico confirma fechamento da UTI do Hospital Universitário de Bagé

O diretor-técnico do Hospital Universitário (HU) de Bagé Doutor Mário Araújo, o médico cardiologista João Bosco Médici Carvalho confirmou, ontem, à FOLHA do SUL, a paralisação das atividades da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da instituição.
Segundo ele, o setor foi fechado ainda na segunda-feira, após a liberação dos últimos pacientes internados. A medida, vale lembrar, já havia sido anunciada pela Fundação Atilla Taborda (FAT) – mantenedora do HU – no início de julho. Desde então, apenas os pacientes internados permaneceram no espaço, já que novos atendimentos foram suspensos.
Conforme Carvalho, apenas dois pacientes estavam internados em toda a estrutura do Hospital Universitário, sendo que ambos tinham previsão de alta para ontem – o que não foi confirmado até o fechamento desta edição. Ou seja, caso isso se concretizasse, o HU estaria prestes a fechar – momentaneamente ou não – suas portas.
Perspectivas
Na entrevista concedida, o diretor-técnico do HU relatou que uma reunião com a administração da FAT e da Universidade da Região da Campanha (Urcamp) ocorreu na manhã de ontem. Do encontro, frisou, ficou evidente a expectativa quanto à manifestação do governo do Rio Grande do Sul em relação à retomada ou não dos serviços oferecidos pela instituição de saúde, a partir de um novo contrato. Isso porque, segundo determinação do juiz Humberto Moglia Dutra, feita no início de agosto, o Estado deveria apresentar, em 15 dias, uma resposta ou nova contratação com o hospital.
Carvalho reforça que a situação do HU precisa ser resolvida, levando em conta que, nas condições atuais, não há como a instituição prosseguir em suas atividades. “Hoje, sem que o Estado retorne com valores que possam viabilizar suas atividades, não existe como o Hospital Universitário reabrir. Há possibilidade, conforme a Urcamp, de que os funcionários recebam os salários hoje (ontem). Já os médicos estão com cinco meses de atraso. Contudo, estamos com uma grande defasagem em valores e um alto custo para a manutenção do hospital que, nesse meio tempo, também está se deteriorando em termos de estrutura física”, declara o cardiologista que cita, como exemplo, a demanda por respiradores na UTI – apenas cinco aparelhos estariam funcionando.
“Com certeza, para reabrir, a instituição precisará de manutenção. Não apenas de recursos para pagar os funcionários e custear os serviços; isso porque o problema do Hospital Universitário é que ele está em uma situação caótica criada pelo Estado que além de mandar menos valores para a instituição, fez também cortes em seu orçamento”, enfatiza Carvalho.
A reportagem também buscou uma posição oficial da administração da FAT/Urcamp, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
Posição do Estado
O coordenador regional de Saúde, Daltro Paiva, em entrevista recente concedida à FOLHA do SUL, comentou que uma inspeção estava prevista para iniciar no HU. O procedimento busca a liberação do alvará geral ao hospital que, segundo ele, é necessário para a sequência de uma negociação visando a um novo contrato entre as partes. A expectativa era que tal processo ocorresse nesta semana.
Folha do Sul