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Cristiano Cabrera, Presidente da Associação dos Agricultores de Dom Pedrito, fala sobre perdas na agricultura

Laudo da Emater aponta prejuízos superiores a R$ 220 milhões, só em Dom Pedrito

Cristiano Cabrera fala sobre a difícil situação da agricultura em Dom Pedrito

Falando ao Programa Qwerty Entrevista, Cristiano Cabrera, presidente da Associação dos Agricultores se mostrou preocupado com os números até agora apurados, com relação às perdas decorrentes das chuvas na região. Município essencialmente dedicado ao setor primário, Dom Pedrito não registrava um mês de janeiro como esse, há quase 30 anos. O elevado volume de chuva já causa prejuízos irreversíveis para a safra 2019, o que afetará consequentemente todos os setores da sociedade pedritense, desde o comércio até o Executivo que deixará de arrecadar muito em impostos.

Segundo o laudo recentemente emitido pela Emater, o volume de chuva registrado no município, de 2 a 17 de janeiro de 2019 foi de 438 mm, sendo que só no dia 9, foram registrados 220 mm, praticamente em 24 horas, destes 140 mm concentrados em duas horas e meia. O absurdo é que em algumas localidades este volume chegou aos 700 mm.

Confira a situação conjuntural das principais atividades agropecuárias consolidadas em nossa matriz produtiva:

Arroz

A área implantada de arroz na safra 2018/2019 é de 38.923 hectares. Já existe em torno de 45% desta área na fase reprodutiva, muito exigente em luminosidade. A condição climática é de baixa luminosidade, fator que acarreta diminuição do potencial produtivo da cultura. Situações de inundações nas áreas de várzea, bem como danos nas taipas, que também contribuem para a diminuição da produtividade. Até o momento o valor estimado de perdas é de 20% em relação à safra passada.

Soja

As lavouras sofrem com os impactos dos grandes volumes de chuvas, ocasionando perdas pelo excesso de umidade no solo e inundações, problemas fitossanitários e controle de pragas, considerando a área de 120 mil hectares, estima-se até o momento, 12% de perda total, devido à inundação, 28% na produtividade das demais áreas, totalizando uma estimativa de 40% de redução geral na produtividade media do total da área plantada.

Olerícola

Nos cultivos hortigranjeiros, o prolongado período com alta umidade causou o apodrecimento das raízes das culturas de alface, couve, brócolis, rúcula, melão, tomate, morango e outros. Com essa situação climática, ficou impossível realizar o tratamentos, principalmente quem não trabalha de maneira orgânica, acarretando em produtos impróprios para a comercialização. A atividade tem uma perda de 50%.

Bovinocultura de corte

O rebanho de corte do município é de 351.724 cabeças, e teve perdas ocasionadas por alague em áreas de várzea destinada à pecuária, forçando os produtores a concentrar os animais em áreas mais altas, ocasionando superlotação, estragando as forragens com superpisoteio. As forrageiras artificiais não podem ser utilizadas por falta de piso adequado. É contabilizada neste momento, uma perda de 10% pelo impedimento do transporte do gado gordo aliado à diminuição da produtividade futura em função da dificuldade de controlar ecto e endoparasitas, justamente neste período da estação reprodutiva.

Bovinocultura de leite

A produção leiteira do município também foi afetada pelo excesso de chuva, seja pela diminuição na oferta de forrageiras artificiais, pela falta de piso, impossibilidade de aplicação de fertilizantes e dificuldade de acesso às propriedades pelo caminhão tanque que transporta o leite. As perdas até o presente momento são de 12%, e se perdurarem as condições desfavoráveis, este percentual tende a aumentar.

Ovinocultura

Nesta atividade, as perdas são vistas em virtude da diminuição da quantidade e qualidade de lã. Visto que os animais ficam molhados por longos períodos de tempo. O aumento da infestação de vermes gastrointestinais e de doenças do casco, causam perdas de peso em cordeiros e ovelhas, influenciando na próxima parição, já que agora é época de encarneiramento, e neste contexto, já há uma perda de 12%

Apicultura

As perdas na apicultura tem como causa fundamental as condições climáticas adversas que provocam a lavagem do néctar das flores, diminuindo o fluxo de coleta por parte das abelhas e dificultando a armazenagem do mesmo na colmeia. A diminuição da quantidade de néctar também ocorre pela queda das flores, fato que se verifica quando grandes quantidades de chuva ocorrem em um curto espaço de tempo. A diminuição da entrada de néctar nas colmeias, em situações extremas como estas, obriga as abelhas, para sua sobrevivência, a consumir o mel que já foi armazenado nas colmeias, resultando em perdas que podem se estender por períodos prolongados até a efetiva recuperação. Neste contexto, estima-se até o momento, uma perda de 50% na produtividade, podendo este índice aumentar, se o cenário atual persistir por mais tempo.

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