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Capitão Gonçalves – o numismático pedritense

Militar do Exército Brasileiro e de volta a sua terra natal, colecionar moedas foi uma das formas que este simpático senhor encontrou para passar o tempo

A palavra não é tão conhecida quanto a atividade, afinal, colecionar moedas não é uma prática, assim, tão rara, mas de forma metódica como faz nosso personagem dessa reportagem, poucos o fazem.

Clóvis Gilberto Gonçalves tem 80 anos, é natural de Dom Pedrito, casado, pai de um casal de filhos, avô de cinco netas e militar do Exército, hoje, na reserva. Ingressou nas fileiras da arma verde oliva em 1956, quando foi para a Escola de Sargentos do Exército e no ano seguinte retornou para o 14º RC, na época, ainda em Dom Pedrito e não mecanizada, onde permaneceu até 1966, transferiu-se para Bagé. Em 1970, mais uma vez retorna para Dom Pedrito, onde ficou até 1981. Depois serviu por muitos anos em Porto Alegre. A aposentadoria veio em 1988, mas ainda atuou na iniciativa privada na capital do Estado até decidir retornar mais para perto da família, e foi aí que começou, ou melhor, teve continuidade a coleção de moedas. Dizemos continuidade, porque Clóvis deu seguimento a uma coleção que o pai Manoel Francisco possuía.

A coleção impressiona, tanto pela quantidade, quanto pela antiguidade de algumas delas. A mais antiga data de 1865, do tempo do império, algumas de prata, outras de cobre e outros materiais.  Os álbuns contêm exemplares de praticamente todas as moedas que foram lançadas de lá para cá, falhando, obviamente, os anos em que não foram lançados novos modelos.

Existem também as do plano real, com destaque para as moedas de R$ 1, lançadas por ocasião das olímpiadas de 2016. Clóvis está começando na atividade, mas explica que o valor de uma moeda pode variar muito e é definido por três aspectos principais: quantidade, estado de conservação e data de lançamento. Algumas curiosidades também podem tornar umas moedas mais raras do que as outras, como as iniciais do operador da maquina de cunhagem, uma prática ilegal, é claro. Clóvis explica que quando percebiam, já era tarde demais, as moedas já estavam em circulação.

Como em qualquer coleção, existem muitas peças repetidas que são negociadas ou trocadas com outros colecionadores. Se alguém se interessar, pode entrar em contato diretamente com Clóvis, pelo número de celular (53) 99706 – 9801.

Um pouco de História

As moedas metálicas surgiram por volta de 2000 A.C., mas, como não existia um padrão e nem eram certificadas, era necessário pesá-las antes das transações e verificar a sua autenticidade. Só por volta do século VII A.C. é que se procedeu à cunhagem das moedas. Foi a partir do dracma de Atenas que se difundiu por todo o mundo a moeda metálica. 

Desde o Império romano, cultivou-se o interesse de colecionar moedas sem, no entanto, estudá-las. O costume romano cultivado por imperadores, como Augusto, foi mantido por reis europeus durante a Idade Média. Foi durante o Renascimento, graças à vontade dos humanistas em recuperar a cultura greco-romana e à iniciativa de organizar as coleções reais, que surgiu efetivamente a Numismática, para se consolidar como ciência nos séculos seguintes. As coleções de reis, como Luís XIV da França e Maximiliano do Sacro Império, contribuíram para essa consolidação. 

Dessa época remota, são também destaques: o abade Joseph Eckhel, que trabalhou na coleção imperial de Viena, capital da Áustria; o colecionador francês Joseph Pellerin, que contribuiu para a coleção real francesa, e um dos nomes mais famosos, Francesco Petrarca, poeta que desenvolveu a numismática na Itália. 

O objetivo de Petrarca era conhecer a história de cada povo. Petrarca demonstrou também como a numismática pode se tornar uma paixão contagiosa. Em 1390, coube a ele, indiretamente, a cunhagem de moedas comemorativas pela libertação da cidade de Pádua, pelo visconde Francisco II de Carrara. 

Seja pela cultura, pela observância de técnicas ou simplesmente pelo desafio de colecionar, a relação entre cultura e numismática sempre é presente. Mesmo aqueles que colecionam moedas ou cédulas como um simples hobby, sem se dedicar à pesquisa, aprimoram seus conhecimentos. 

A numismática desenvolveu-se no Brasil, principalmente a partir do século XIX, seguindo, em parte, o modelo europeu. 

A aristocracia teve papel fundamental para o desenvolvimento da numismática no Brasil, por ser a classe mais instruída e também por ter condições de formar coleções numismáticas. Na época, as coleções eram formadas, basicamente, por moedas greco-romanas. Uma contribuição especial veio do imperador Dom Pedro II, amante das artes e da história e que frequentemente viajava ao exterior, donde trazia peças como “lembranças”. 

Com o fim do Império, a maior parte da produção numismática brasileira ficou restrita a museus e a trabalhos realizados por poucos pesquisadores, principalmente no eixo das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, quadro que começou a se alterar com a popularização das feiras de antiguidades e com a criação de sociedades de colecionadores no país. 

No calendário oficial, o dia 1º de Dezembro é marcado como o “Dia do Numismata”. Essa data foi escolhida por ter sido o dia em que ocorreu a coroação de Dom Pedro I, e, também, a apresentação da primeira moeda do Brasil independente, conhecida como Peça da Coroação. Essa é hoje considerada a moeda mais rara do Brasil. Fonte: Clube da Medalha.

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