Associação dos Agricultores planeja ações voltadas aos problemas enfrentados pelos produtores
Em Dom Pedrito, produtores se retiraram dos protestos dos caminhoneiros

Objetivamente, os produtores rurais “levantaram acampamento” da manifestação dos caminhoneiros (esta, também sofreu alterações). A luta, agora, estará mais focada nas políticas agrícolas e outros pontos que estão inviabilizando a produção. O presidente da Associação dos Agricultores, Cristiano Cabrera, explicou o contexto em entrevista que será exibida no Jornal das Oito desta quarta-feira, às 20h, na Qwerty TV (http://tv.qwerty.com.br) ou na página da Qwerty Portal de Notícias no Facebook.
No entendimento do presidente – e de outros produtores – o protesto foi legítimo, com apoio social. “Sabemos da importância do caminhoneiro. Faz parte de nossa cadeia produtiva, não temos como trabalhar na lavoura sem o caminhoneiro, sabemos das dificuldades, sabemos o preço do diesel e o ganho do caminhoneiros é praticamente zero. Eles fizeram seu protesto e foram atendidos”, explicou Cabrera, salientando que houve entendimentos da parte produtora que os efeitos ocasionados pela paralisação estavam prejudicando boa parte da sociedade.
Sobre um suposto desentendimento que teria ocorrido, Cabrera relatou não ter tido qualquer problema neste sentido. “Não houve problema algum com caminhoneiros, quero deixar isso bem claro. Os caminhoneiros que estavam lá, transportadores, saímos de acordo com eles, pessoas dignas e trabalhadores, que terão nosso apoio sempre, mas achamos que era um momento em que a sociedade estava pagando um preço alto”, pontuou Cabrera.
A Associação planeja ações voltadas aos problemas enfrentados pelos produtores, a partir de sexta-feira (1) ou segunda-feira (4), trazer máquinas até o centro, onde o grupo fará reivindicações próprias. Cabrera diz que o principal problema enfrentado pelos orizicultores é o endividamento, por falta de uma política pública que seja definitiva e trate do assunto como deve ser tratado. Ele lembra os problemas junto ao Mercosul, pois há tratados de livre comércio com os países vizinhos que são prejudiciais aos produtores brasileiros: enquanto nos vizinhos há menos regulações trabalhistas, ambientais ou tributárias, o produtor rural brasileiro precisa seguir uma legislação mais pesada.
Outras ações tomadas em âmbito local, como a questão tributária: “Nós estamos pedindo um abatimento no arroz em casca. Hoje, nós pagamos 12%. Nós fizemos uma reunião com a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), há cerca de duas semanas, onde encorpou várias prefeituras. São 139 municípios do Estado que produzem arroz e que o arroz é a atividade principal”, contou Cabrera. Papel importante também exerceu o economista chefe da Farsul, Antônio da Luz, que trabalhou junto ao governo de que os prejuízos não refletem apenas nos produtores, mas nos municípios e, consequentemente, no Estado.
O protesto terá objetivo de mostrar ao governo que se não houver um entendimento junto aos produtores, as máquinas ficarão onde estão. “Nós não vamos efetivar as lavouras 2018/2019 se nós não chegarmos a um acordo, num consenso. A lavoura arrozeira perdeu rentabilidade, isso não é de hoje. O custo de produção, dito pela própria Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) é em torno de R$ 43,00 a R$ 46,00 e hoje estamos vendendo arroz a R$ 35,00”, explicou Cabrera. Para tentar rentabilizar, muitos produtores também estão semeando soja.
Cabrera participou, na noite de ontem (29), da 11ª edição da Semana Arrozeira, promovida pela Associação dos Arrozeiros de Alegrete. Cristiano também avaliou a colheita do arroz na Capital da Paz, que foi assolada por alterações climáticas consideradas severas.