Assaltantes causam pânico e horror em São Sepé

Assaltantes invadiram São Sepé por volta da 1h deste sábado (24) e, no centro da cidade, onde estão localizados o Banco do Brasil e Sicredi, fizeram reféns e deram vários tiros, além das explosões nas agências bancárias. Quem estava nas ruas, a pé ou de carro, teve de fugir, mas muitos foram feitos reféns. Os assaltantes fizeram um escudo humano enquanto realizavam o assalto. As informações são de que os policiais Renato Rosso, da Polícia Civil, e Rogério Rosso, da Brigada Militar, que são irmãos, ficaram feridos na ação. Eles foram atendidos no Hospital Santo Antônio.
O policial Rogério ficou com ferimentos nas duas pernas e foi removido para Santa Maria, onde vai passar por cirurgia. O comandante da Brigada Militar de São Sepé, Capitão Lacerda, confirmou que dois civis também foram feridos. Houve troca de tiros na saída da cidade quando os assaltantes fugiram. Segundo fontes oficiais, pelo menos 12 assaltantes, em quatro veículos e fortemente armados, fizeram mais de 20 reféns. Eles explodiram todos os caixas eletrônicos da agência do Sicredi. Também foi detonado um caixa eletrônico do Banco do Brasil, mas não foi informado se os assaltantes conseguiram levar dinheiro. Os bandidos abandonaram na cidade de Caçapava do Sul – no Posto da Fonte, Br-290 – duas jovens que foram feitas reféns durante o assalto.
Primeiramente, os assaltantes explodiram um caixa eletrônico do Banco do Brasil. Depois, destruíram toda a parte de frente do Sicredi, onde ficam os caixas eletrônicos. Pelo menos quatro explosões foram ouvidas e mais de 100 disparos de armas de fogo. A população de São Sepé ficou em pânico e, certamente, a maioria não conseguiu dormir direito, todos preocupados com a violência.
Policial Civil relata momentos de terror
A reportagem do Jornal do Garcia conversou com o policial Renato Rosso, que foi atingido por estilhaços no braço. Ele disse que recebeu as informações do assalto por um grupo do WhatsApp e convocou os colegas Moreira e Rogério. “Ficamos a dois quarteirões do roubo, vimos toda a ação dos bandidos. Quando os tiros pararam, nos aproximamos, mas aí recomeçaram os disparos. O Rogério foi atingido na perna e eu acabei me machucando com estilhaços. O Rogério está bem, fora de perigo, mas precisou ser removido para o hospital de Santa Maria para retirar o projétil. Foram momentos tensos e um caos nunca vivido pela nossa população”, disse o policial Renato.
Outras pessoas também falaram sobre o crime
Um homem que trabalha como vigilante no centro da cidade contou que os bandidos chegaram de surpresa e, aos poucos, iam fazendo reféns as pessoas que circulavam a pé ou que passavam de carro. O vigilante disse que temeu pela sua vida e que foi colocado no cordão humano. “Eles diziam que não iam nos machucar, mas que era para nós colaborarmos. No momento das detonações dos caixas eletrônicos, eles mandavam a gente tapar os ouvidos, era tudo bem sincronizado. Os carros que passavam, eles iam parando e tirando as pessoas dos veículos. Teve uns dois ou três que conseguiram escapar, porém os bandidos atiravam contra os carros. Eles disparavam muito para cima também. Foi um filme de terror”, contou vigilante.
Jack Spencer, que mora em um dos prédios do centro, disse que presenciou quase tudo. Acordou com os disparos de arma de fogo e, quando saiu na janela, viu um dos bandidos com fuzil em uma das mãos e com a outra carregando os reféns. “Eles iam parando todos os carros que se aproximavam do local. Um por um ia sendo feito refém. As explosões não paravam, nunca imaginei que isso iria ocorrer em nossa cidade”, disse Jack.
O pai de uma das jovens que foi levada como refém relatou que estava trabalhando em um restaurante que fica próximo ao Banco do Brasil, quando começou a ouvir os tiros. “Eram muitos tiros e explosões, incrível. Durou mais de meia hora essa ação. Quando tudo cessou, fui até a frente do Sicredi e vi o namorado da minha filha, e ele me disse que os bandidos tinham levado ela. Gelei! Fiquei anestesiado por alguns segundos, mas aos poucos fui me recuperando. Um policial me tranquilizou, dizendo que eles iriam libertar logo ela, mas a gente fica em pânico. Meus Deus! Foi um filme de guerra”, disse o pai da jovem. Ele pediu para não ser identificado.
Por volta das 3h, a Policia Rodoviária Federal chegou até a Delegacia de São Sepé com as duas jovens que tinham sido levadas pelos bandidos como reféns. Familiares e amigos que aguardavam com ansiedade vibraram com a chegada das duas, que prestaram depoimento para a Polícia.
A reportagem do JG conseguiu acompanhar alguns relatos que as jovens fizeram aos pais durante a chegada. Elas disseram que eles estavam em cinco no carro com teto solar e que colocaram as duas como escudo humano até a saída da cidade.
Os assaltantes tomaram o rumo de Caçapava do Sul, entraram em uma estrada de chão e um dos pneus do carro acabou furando, mas que eles trocaram. Depois, os bandidos tomaram o rumo da BR-290, em direção à Porto Alegre. Nas proximidades do Posto da Fonte, as duas reféns foram libertadas.
As jovens relataram que os bandidos usavam roupas do exército e comentaram que no Banco do Brasil não tinha dinheiro. Em nenhum momento elas foram ameaçadas. Uma das jovens contou que teve os dedos de uma das mãos esmagados quando tentou se segurar e um dos bandidos fechou a porta.
Muito abaladas, as duas jovens ficaram até a madrugada prestando depoimento e dando mais detalhes dos momentos de terror que viveram neste dia 24 de dezembro.
Fonte: Jornal do Garcia / São Sepé