VARIEDADES

As cinco tumbas de Gumercindo Saraiva

Por Cláudio Lopes

A história conta assim: o primeiro sepultamento de Gumercindo Saraiva foi feito por seus companheiros de armas maragatos no amanhecer do dia 11 de agosto de 1894 no Cemitério Santo Antônio dos Capuchinhos, de Itacurubi, a 55 quilômetros do Carovi (região das Missões), onde foi mortalmente ferido.

Um dia depois, no dia 12, seu corpo foi retirado da sepultura pela vanguarda legalista, teve cortadas suas orelhas e barba e foi colocado nu na beira da estrada para soldadesca temerosa tivesse consciência absoluta de sua morte. Suas orelhas ficaram como troféu de guerra do general Rodrigues e sua espada com o então coronel Firmino de Paula.

Novamente foi sepultado na mesma tumba pela proprietária das terras onde está o Cemitério dos Capuchinhos, a viuvá Apolinária Cardoso de Souza.

Dois dias depois, quando chega o grosso da Divisão do Norte, Dona Apolinária foi ameaçada de tortura e morte para revelar onde estava o cadáver e novamente seus restos mortais são desenterrados, quando cortam sua cabeça e a enviam ao governador do Estado, com ordens expressas de deixar os restos mortais do general apodrecendo na beira da estrada.

Mais uma vez Dona Apolinária desobedece as ordens dos legalistas, protege com galhos de espinhos o corpo do rebelde e, alguns dias depois, recolhe o cadáver, só que desta vez o sepulta em uma árvore oca de um capão distante da sede da Estância Velha e passa a perguntar dos restos do líder militar federalista para vizinhos e conhecidos para não sofrer as represálias castilhistas.

Passados três anos, em 1897, a pedido expresso do general Aparício Saraiva e com o consentimento do presidente do Rio Grande do Sul, Julio de Castilhos, uma comitiva uruguaia foi resgatar seus restos mortais nas Missões gaúchas e o enterrou pela quarta vez em Santa Clara del Olimar, no Departamento de Cerro Largo, Uruguay, onde possuía estância e família.

Um quinto sepultamento de Saraiva aconteceu, em 1951, quando seus ossos foram transferidos pelos filhos para a cidade de Santa Vitória do Palmar, na fronteira do Brasil com o Uruguai, cidade onde também tinha estância e familiares e onde hoje descansa definitivamente o mais famoso general maragato, junto com a esposa, Dona Amália Corrêa Saraiva.

Mais informações sobre a vida e morte de Gumercindo Saraiva, você encontra na página do Facebook “Gumercindo Saraiva – A Última Batalha”.

Por Cláudio Lopes

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