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Amanhã tem exposição “50 Tons de Fermina”, no Museu Paulo Firpo

Evento é aberto ao público e acontece a partir das 20h30min

Na sexta feira, 8 de março, Dia Internacional Da Mulher, o Museu Paulo Firpo abrirá o Ano Museológico 2019, com a Exposição 50 Tons De Fermina – óleo sobre tela, do artista plástico, ceramista e gravador pedritense Milton Nunes De Oliveira. Radicado em Porto Alegre, frequenta espaços de produção e exposição de arte. Participa de salões e coletivas, destacando-se com premiações e troféus. O evento será às 20h30min, aberto a todos.

A VINGANÇA DE FERMINA PEDROSA

Por Adilson Nunes de Oliveira *

Lá vai ela, pelas ruas de Dom Pedrito, “perfumada, de rouge e batom”. Pintada em excesso, adereços em profusão, colares vários, pulseiras muitas, anéis múltiplos. E chapéu, sim e sempre, chapeu. e flores.

“Lá vai ela”, grita a criançada, a Fermina Pedrosa, assustando as crianças e divertindo os mais velhos. Um tipo popular servindo de chacota a uns e outros.

Lá vai ela, aquela que viraria lenda a ultrapassar o tempo. De um lado, um ser apolíneo – busca constante da beleza, ainda que caricata. De outro, aqueles que a irritavam, provocando-a, o lado demoníaco da história. O povo se divertia com ela; e ela, com o povo.

Muitas vezes, levaram-na a surtos, como na ocasião em que simularam seu casamento. Havia, recém-chegado à cidade, um jovem militar, carioca, manso na fala e tentador no olhar, homem bonito, por quem seria muito fácil qualquer mulher se apaixonar. E Fermina Pedrosa se apaixonou. Simularam um casamento, para a pobre mulher – um casamento para o povo todo assistir – um evento, sem dúvida.

Na frente da igreja matriz, montaram os genuflexórios, forrados de tecido branco e decorados com rosas, como merecia a cerimônia. Um gordinho atarracado, com um pesado livro na mão direita e usando vestido de uma viúva, já estava pronto para realizar a celebração.  Vestiram um jovem, com uniforme do 14º Regimento… Grande público se formou, então. Montada, a cena não podia ser mais perfeita, muito mais ainda diante do coração enamorado de Fermina Pedrosa. Ia tudo tão bem… mas, na hora do “sim”, dois brigadianos irrompem da multidão e prendem o noivo, pondo fim ao “espetáculo”. Resultado: a noiva entrou em surto! E foi tão violento e de tal maneira inusitado, que todos entraram em pânico…

Outro episódio foi em 1923, quando o povo (malvado!) a convenceu de que havia sido eleita Rainha do Carnaval. Até fantasia encomendaram a uma modista. Um vestido branco, com luas e estrelas bordadas, que lembrava as noites claras de janeiro. Cetro na mão, meio trêmula, e um chapéu (claro, tinha que ter um chapéu) quase que de cangaceiro. Muita pintura, muitos adereços, assim ela percorreu ruas e visitou casas, seguida por um séquito de malandros.

Recebida com música, comes e bebes, ou como se dizia na época, “todos a brindaram com um copo d’água”. Porém, em alguma casa lhe deram, para beber, um laxante! O resultado não carece descrever.

Assim, o povo se divertia com ela, e ela, com o povo, numa cumplicidade mútua, demoníaca e apolínea.

Viveu no século XIX, lá por 1850 e pouco, até início dos anos 40, sempre com sua marca – muita pintura, muitos colares, pulseiras, chapéus e flores…

 E assim virou dito popular, proferido por quem muitas vezes nem sabe a origem. Quando alguma senhora aparece muito enfeitada, logo não falta alguém que lance a alocução: “Estás igual à Fermina.

Pedrosa”, lembrando o que guardado perdura no imaginário popular.

Essa é a grande vingança a toda a maldade: todos nós de Dom Pedrito temos uma tia, uma prima, ainda que distante, a quem cabe, perfeita e merecidamente, o título de FERMINA PEDROSA.

Uma fênix que ressurge no momento menos esperado, mas aparece , em grande estilo.

Demos um “Viva” a todas as Ferminas Pedrosa que andam redivivas por aí.

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