NOTÍCIAS

Associação de Pais de Autistas de Dom Pedrito será criada nesta sexta-feira

Na próxima sexta-feira, às 14h, no Centro de Convivência do Idoso, será criada a Associações de Pais de Crianças e Adolescentes Autistas. O grupo, iniciado por um grupo de mães cujos filhos são autistas, será filhado ao pré-existente Grupo de Pais de Autistas de Santana do Livramento.

As organizadoras estão convidando a todos os interessados para comparecer. Elas acreditam existir, em Dom Pedrito, entre 150 e 200 autistas sem diagnóstico, cujos pais não conseguem saber exatamente o que há com a criança ou com o adolescente que, uma vez diagnosticada e tratada, pode levar uma vida praticamente normal.

Compreendendo o mundo autista:

Há seis décadas o autismo vem sendo estudado pelas mais diferentes ciências, mas até a atualidade existem divergências em questão ao diagnóstico, tratamento, ensino, etc. O objetivo deste artigo é informar sobre o surgimento e as mais diferentes teorias que dizem respeito a este distúrbio, muitas vezes mal interpretado, de forma simples e dinâmica.

No decorrer da história sempre existiram crianças autistas, mas esse distúrbio ainda não havia sido estudado e nomeado. As crianças que demonstravam estar ‘escondidas de si mesmas’ (termo usado na época que provém de autismo – ‘autos’) eram consideradas estranhas e cresciam incompreendidas.

Em 1906 DeSantics descreve em um artigo científico a história de duas crianças que demonstravam sinais de regressão de amadurecimento, expressão facial não convencional e motricidade estereotipada; ele considerou que essas características estavam relacionadas a pessoas que apresentavam ‘demência precoce’, utilizando mais tarde o termo ‘demência precoce catatônica’ para essas alterações em casos infantis.

Mais tarde cientistas estudaram esse artigo cientifico e se deram conta de que se tratava da descrição de crianças autistas, como na época os estudos eram limitados, DeSantics preferiu colocar essas crianças dentro do quadro de demência.

A palavra autismo foi criada por Eugene Bleuler, em 1911, com objetivo de descrever um sintoma da esquizofrenia, denominado anteriormente como ‘fuga da realidade’. Mais tarde, em 1943, médico austríaco chamado Leo Kanner que trabalhava no Johns Hopkins Hospital, começou a utilizar o termo autismo em seus artigos científicos. No mesmo ano o também austríaco Hans Asperger descreveu em sua tese de doutorado a psicopatia autista na infância.

Aqui podemos perceber que o distúrbio já estava criando uma forma, porém ainda era confundido com outros distúrbios e/ou doenças conhecidas na época, como esquizofrenia e psicopatia.

Por volta dos anos 60 as primeiras teorias sobre as causas do autismo começaram a surgir, a primeira delas partiu de um psicólogo denominado Bruno Bettelheim, ele afirmava que a principal causa do autismo seria a indiferença dos pais (também chamado de ‘pais frios’ ou ‘pais de geladeira’), ou seja, a falta de amor, carinho e relacionamento saudável. A sua opinião sobre tratamento era sempre a mesma, a internação, para que essas crianças criassem laços saudáveis longe desses pais. Porém nos anos 70 essa teoria foi rejeitada e diversas pesquisas foram iniciadas com objetivo de investigar as verdadeiras causas do autismo.

Atualmente sabe-se que o autismo está relacionado á causas genéticas associadas á causas ambientais, dentre essas a contaminação por mercúrio tem sido apontada como forte candidata (infecção por cândida, contaminação por alumínio e chumbo também são consideradas), tanto quanto os problemas durante a gestação.

Entretanto o distúrbio ainda não foi claramente definido. Ele surpreende pela diversidade de características que pode apresentar e pelo fato de, na maioria das vezes, a criança autista possui uma aparência normal e harmoniosa, mas ao mesmo tempo um perfil irregular de desenvolvimento, com habilidades impressionantes em algumas áreas, enquanto outras se encontram bastante comprometidas.

O conjunto de sintomas é muito amplo, porém alguns podem ser identificados bem cedo, antes dos três anos de idade, a criança pode apresentar desvios na comunicação, na interação social e na capacidade de imaginação. Geralmente se esses três desvios aparecem juntos a criança é encaixada na categoria do autismo, porém os níveis de inteligência podem variar desde o retardo mental até níveis acima da média.

O governo dos Estados Unidos comanda os estudos de autismo desde o início da incidência do distúrbio ao redor do planeta, em Março deste ano foi divulgado um novo índice sobre os casos de autismo, o resultado diz que a cada 68 crianças 1 é declarada autista até os 8 anos de idade. Como demonstrado no gráfico abaixo, de título ‘Autism Prevalence Since 2000’ (Prevalência do Autismo Desde 2000), podemos perceber que desde o início dos índices nos anos 200 houve um crescimento no diagnóstico.

revista autismo

O diagnóstico deve ser muito delicado, não existem exames laboratoriais que possam definir se a criança possui ou não o distúrbio, logo avaliações médicas e psicológicas devem ser feitas com apoio de instrumentos específicos como testes diversos de inteligência e personalidade além da observação da capacidade de interação social.

O DSM – IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) lista quatro critérios importantes no âmbito da interação social que devem ser considerados na hora do diagnóstico. O primeiro está relacionado ao uso de comportamentos não verbais, como expressões faciais e postura; em seguida vem os relacionamentos, como dificuldade para fazer amigos e se relacionar com eles; em terceiro lugar está a falta de espontaneidade, como dividir momentos e o quarto critério é a falta de reciprocidade emocional.

Com objetivo é conscientizar a sociedade a respeito deste complexo distúrbio para que aja mais diagnóstico, mais tratamento, mais respeito e menos preconceito um dia do ano foi separado para alertar a respeito dos números altos de diagnóstico. Todo dia 02 de Abril é comemorado o ‘Dia Mundial de Conscientização do Autismo’, data instituída pela ONU (Organização das Nações Unidas) desde 2008.

para criança BH

Abordando agora as questões sobre o ensino e a educação dessas crianças, podemos dizer que muitos professores de escolas tradicionais ainda não estão preparados para lidar com alunos especiais, pois até mesmo professores de escolas inclusivas (escolas que trabalham com classes mistas de crianças sem déficits e crianças com déficits) possuem dificuldade em lidar com certas especialidades.

O autismo é um distúrbio que requer muita atenção por parte dos pais e dos profissionais escolares, é necessário trabalhar mais as habilidades que a criança apresenta grande facilidade e menos as habilidades com as quais a criança menos se identifica. Redobrando a atenção para que a criança aprenda verdadeiramente e não fique apenas ouvindo a explicação do conteúdo. As crianças também devem ser inseridas em outras atividades regulares para que suas particularidades sejam trabalhadas.

Este trabalho de inclusão visa acabar com a segregação que essas crianças sofrem desde os primórdios da descoberta do distúrbio, além de acesso a uma educação comum.

Durante o processo educacional as crianças autistas são bem aceitas pelos colegas de classe, talvez porque, na maioria das vezes, o físico dessas crianças não é afetado, contribuindo para boas interações como a brincadeira e o esporte. Os educadores também devem ser treinados para motivar essa interação, sensibilizando e envolvendo todas as crianças.

Esse tipo de ensino envolvendo os educadores, os pais e os colegas traz inúmeros benefícios para as crianças autistas.

 

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

FERNANDES, A V; NEVES, J V A; SARAFICCI, R A ‘Autismo’ Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas. Disponível em <http://www.ic.unicamp.br/~wainer/cursos/906/trabalhos/autismo.pdf>

 

GONZÁLEZ, E e Cols ‘Necessidades Educacionais Específicas: Intervenção Psicoeducacional’ Artmed, 2007. Capítulo 11 ‘Autismo Infantil: Avaliação e Intervenção Psicopedagógica’ pág 220 a 236.

 

JUNIOR, P ‘Casos de autismo sobem para 1 a cada 68 crianças’ Revista Autismo, Março de 2014. Disponível em <http://www.revistaautismo.com.br/noticias/casos-de-autismo-sobem-para-1-a-cada-68-criancas>

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo
×

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios