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Operação Bandejão denuncia fraude de R$ 3 milhões nos restaurantes da Unipampa

A Polícia Federal deflagrou na manhã de ontem uma operação denominada Bandejão, cujo objetivo foi desarticular uma fraude no fornecimento de refeições junto aos restaurantes universitários (RUs) da Universidade Federal do Pampa (Unipampa). Em coletiva de imprensa, que contou com a presença do titular da Delegacia Regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado, Mauro Silveira, do delegado federal Rafael França, da procuradora e do vice-reitor da instituição de ensino, Zeneida Machado Silveira de Souza e Maurício Aires Vieira, foram apresentados os detalhes da investigação: a estimativa é de que os valores desviados no esquema sejam superiores a R$ 3 milhões.

França informou, na ocasião, que 100 policiais federais participaram da operação, cumprindo 22 mandados de busca e apreensão e três ordens de condução coercitiva. Segundo ele, foram identificados, até então, três tipos de crime: corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha e peculato.

As cidades envolvidas na ação – além de Bagé, que teve quatro mandados de apreensão e uma condução coercitiva – foram São Gabriel, com quatro mandados; Dom Pedrito, com dois mandados e uma condução coercitiva; Uruguaiana, com dois mandados; Alegrete, com um mandado; Jaguarão, com um mandado; Vera Cruz, com um mandado; São Borja, com cinco mandados e uma condução coercitiva em Araraquara, São Paulo, com dois mandados.

O método utilizado para fraudar as refeições, segundo exposto, acontecia da seguinte maneira: eram lançados nas matrículas de alunos com a alimentação subsidiada pelo governo federal, refeições falsas. “A Unipampa possui um sistema oficial de controle do fornecimento dos restaurantes universitários.

As empresas licitadas tem acesso a esse sistema, que foi burlado. Por exemplo, a matrícula de um aluno era utilizada com minutos de diferença em dois restaurantes de duas cidades diferentes. Era duplicada”, relatou França, ao completar: “Além disso, foi criado um sistema paralelo de lançamentos falsos para gerar um pagamento maior às empresas, que acusavam o sistema oficial como falho por problemas técnicos e falta de luz, entre outros defeitos”.

Segundo a PF, foram encontradas inúmeras planilhas com dados de matrículas de alunos durante as apreensões. Existe a possibilidade de envolvimento de servidores públicos mas, segundo a investigação, ainda não há comprovações, assim como não foi atestado o provável envolvimento das cinco empresas que fornecem alimentação para os sete restaurantes universitários.

A empresa que atende no restaurante universitário de Bagé tem sede na cidade e contrato com vigência até julho de 2017. Já a empresa responsável pelo fornecimento de refeições em São Borja, São Gabriel e Uruguaiana tem sede em São Borja e contrato vigente até agosto de 2017. A empresa com sede em Araraquara, São Paulo, serve Jaguarão até julho de 2017. Dom Pedrito é atendida por uma empresa de Vera Cruz, até dezembro deste ano e a sede da empresa que serve o restaurante de Alegrete fica em São Gabriel, com contrato vigente até novembro de 2017. O envolvimento de alunos, até o momento, é descartado. O combate à corrupção, segundo o delegado Silveira, é a principal diretriz da Polícia Federal no caso.

O que diz a universidade
De acordo com o vice-reitor da Unipampa, logo após a troca de gestão, foi iniciada uma investigação para averiguar denúncias feitas na ouvidoria. Foi criada uma comissão para checar as supostas irregularidades envolvendo os RU’s. “O reitor notou equívocos e começamos a mapear situações irregulares. Foi quando contatamos a Procuradoria Federal e a comissão interna para apurar os fatos”, conta Vieira.

Os primeiros relatórios que apontavam para a fraude foram elaborados pela auditoria da universidade há dois meses, quando a Polícia Federal foi comunicada. “O reitor está muito tranquilo e convicto de que o melhor caminho é apurar todos os fatos na esteira da regularidade e veracidade”, afirma Vieira.
Mudanças

Em nota de esclarecimento emitida pela Unipampa, a reitoria afirma que, a fim de evitar novas fraudes, os restaurantes universitários serão equipados com catracas e sistema biométrico. “Colocaremos câmeras e tudo o que for possível para podermos ter um melhor controle. O recurso destinado para assistência estudantil será utilizado para os alunos”, destaca o vice-reitor.

Enquanto os equipamentos, que já estão sendo adquiridos, não entram em funcionamento, Zeneida destaca que dois servidores irão supervisionar o fornecimento das refeições a partir de hoje.

Folha do Sul

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