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Poeta pedritense obtém o 1° lugar em evento dedicado à poesia

Matheus Costa venceu o 8° Esteio da Poesia Gaúcha com o poema "Andarengas"

O poeta pedritense Mateus Costa obteve o primeiro lugar no 8° Esteio da Poesia Gaúcha ocorrido ontem (12), na cidade de Esteio. Considerado um dos principais festivais de poemas inéditos do Estado, o evento recebe dezenas de participantes de elevado talento.

Mateus obteve a melhor colocação com o poema “Andarengas”, que teve interpretação de Paula Stringhi e acompanhamento do violonista Jean Carlo Godoy.

O poema vencedor

ANDARENGAS

São as horas dos caminhos
para os passos cruzadores…
Para o tempo dos sozinhos
vaqueanos desses rigores…
Acolhidos pelo ninho
sensível dos corredores.

Horas de adeus, de chegada,
de ficar e ser presença…
Rezar terços nas moradas
sem altar, porém com crença
essencial pr’alma cansada
curtida de desavenças.

São os segredos do escuro,
descobertos tão ligeiro
pelos clarões mais maduros
paridos pelos luzeiros
vindos de corações puros
e entregues ao mundo inteiro.

Segredos de alguma espera,
do ‘ser’ que habita o carnal…
Dos olhos de uma tapera
com a solidão habitual…
…saudosa pelas quimeras
de uma vida sem final.

São as nuvens das lonjuras
desenhando um céu parelho…
Ternas e antigas figuras
que as sangas fazem espelho
e as canhadas e funduras
parecem tocar, de joelhos.

Nuvens, por ‘vez’, temporonas
com os traços do infinito…
Que o horizonte coleciona
tal fosse um eterno rito
que confunde e emociona
a mirada dos solitos.

São as marcas no rincão
pelos cascos rumbeadores,
registrando sobre o chão
gravuras com seus primores
fundamentais – por que não? –
aos mais crioulos leitores.

Marcas de trotes e trancos
em léguas de andar além,
preenchendo o espaço em branco
deste papel que há também
exposto em formato franco
na poeira que a terra tem.

São as canções passageiras
compostas pela linguagem
das gargantas companheiras
nas mais cargosas viagens…
…E assovios de tarde inteira
que o silêncio dá passagem.

Canções de rimas genuínas,
conhecidas das estradas…
Idioma que não termina
mesmo depois da jornada…
Valioso para a doutrina
de quem ouve a voz do nada.

São as lembranças tamanhas
e perpétuas à memória,
que a vida já não estranha
por serem reais – notórias –
…Nostalgia que acompanha
pra contar a mesma história!…

Lembranças dos extravios
deixados ou esquecidos
em lugares que o vazio
tão pouco foi percebido
e, assim, se adonou do brio
do que agora está perdido.

São as mesquinhas vaidades
e as aparências banais,
desafiando a humildade

rancho amigo dos iguais –
e cedendo pra’s vontades
que guardam tristes finais.

Aparências e vaidades
inservíveis neste plano…
Contrárias para a bondade
que adorna o sentido humano
e conduz junto a verdade
nossos passos, sem engano.

São as curtas euforias
que não devem pesar mais
do que a paz, a calmaria
e os motivos primordiais…
Pois, é com ‘mil alegrias’
que um exílio dá sinais.

Euforias e prazeres
que não cabem na mobília…
Por isso, quando escreveres
não te afastes da vigília
formada com a luz dos seres
e o âmago da família.

Andarengas todas partes
que completam o destino
dessa concedida arte
da qual somos peregrinos
e que sempre nos reparte
vida, alma e vasto ensino.

Andarenga a pele nua
que nos veste e dá feição…
Matéria não perpetua
nem protege o coração…
Infinda a existência tua
talhada na imperfeição!

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