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Foi no carnaval que passou: museólogo Adilson Nunes de Oliveira recorda curiosidades da festa popular em Dom Pedrito

Na Capital da Paz, o evento acontece desde o final do século XIX, quando era realizado o tradicional bal masqué - o baile de máscaras

Mesmo em período de férias, o museólogo e especialista em História, Adilson Nunes de Oliveira, gentilmente nos recebeu para uma conversa na última semana, abrindo as portas de sua sala no Museu Paulo Firpo à nossa reportagem. O encontro combinado às pressas, e contando com a fluidez de um bate-papo informal, permitiu um mergulho na História da nossa terra através da memória daquele que guarda informações preciosas sobre a cultura da Capital da Paz.

Ao se deparar com a temática que seria abordada naquela manhã – o carnaval pedritense ao longo dos anos – o professor foi enfático ao dizer que nunca foi um folião ou adepto da festa popular, apesar de relembrar alguns dos bailes frequentados em sua juventude, em uma época em que as serpentinas e confetes dividiam espaço nos salões junto aos lança-perfumes. 

E mesmo pego de surpresa para falar sobre o assunto, sem realizar uma pesquisa documental prévia ou coisa do tipo, Oliveira compartilhou informações importantes sobre a festividade em Dom Pedrito, assunto que ultrapassa o limite dos quatro dias de folia, encerrados oficialmente ontem (21) em todo o Brasil. 

Os primórdios

Engana-se quem pensa que as comemorações carnavalescas são recentes em Dom Pedrito: jornais do final do século XIX trazem registros de festas como o ‘Entrudo’ e o tradicional ‘Bal masqué’ (baile de máscaras, em bom português). Já no início do século XX, em 15 de maio de 1909 é inaugurado o ‘Clube Recreativo e Cultural Riograndense’, o mais antigo da cidade, sendo seguido pelo ‘Clube Comercial’ e ‘Country Clube’, entidades que atravessam gerações contribuindo com a alegria de tantas pessoas. 

A era de ouro 

Na mesma época em que as vozes de Emilinha Borba, Marlene e Dalva de Oliveira eternizavam marchinhas que eram reproduzidas pelas rádios Brasil afora e embalavam diversos carnavais, Dom Pedrito também vivia o apogeu do seu carnaval de salão, onde se destacavam o ‘Bloco do Jarro’ e o ‘Naquela Base’, que faziam a alegria de muitos foliões no Clube Comercial entre as décadas de 1950 e 1960.

Festa democrática

O carnaval de rua sempre teve o seu espaço garantido na Capital da Paz, sendo a festa democrática e agregadora que é. Composto exclusivamente por homens que saíam tocando e cantando pelas ruas de Dom Pedrito vestidos como mulheres, o ‘Só não bebe chumbo’ foi um dos primeiros blocos burlescos da cidade. 

Jornais carnavalescos, é isso mesmo?

Que quatro dias de folia rendem muitas histórias e fatos diversos ninguém pode duvidar, mas acreditem se quiser: para cobrir os acontecimentos carnavalescos da época, ao menos dois periódicos exclusivos com notícias do carnaval circulavam pela Capital da Paz, entre eles o ‘O KCT’, pertencente ao bloco homônimo, e oBáduas’. Apesar de curiosa, a prática não era exclusiva dos pedritenses e pode ser conferida no livro ‘A Imprensa Carnavalesca no Brasil’, do jornalista, pesquisador e crítico musical José Ramos Tinhorão. 

“Ele ligou pra minha casa de noite, se apresentou, mas eu não sabia quem era nesse primeiro momento, até que um amigo me disse de quem se tratava”, recorda Adilson Nunes de Oliveira. O museólogo conta ter aberto uma exceção aos protocolos e enviado cópias do material disponível no acervo do museu para Tinhorão, que publicou o conteúdo em sua obra. 

A mais antiga

Mesmo não sendo a primeira escola de samba fundada no município (título pertencente à extinta ‘Ases do Ritmo’), a ‘Escola de Samba Vagalumes do Luar’ é a mais antiga ainda em funcionamento na cidade. Criada em 11 de fevereiro de 1956, a entidade fundada pela sempre lembrada Universina Madruga, a ‘Vó Vicina’, é responsável por levar alegria a abrilhantar a passarela do samba com suas cores azul e branco há 67 anos. 

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