Qwerty Editorial – Dom Pedrito, qual é o segredo para essa receita dar certo?
Uma análise sobre o surgimento, desenvolvimento e possíveis causas

A Capital da Paz, quando ainda nem possuía essa denominação, surgiu graças a algumas condições que oferecia lá nos idos anos de 1800, quando se iniciou a povoação. A proximidade com o Uruguai, que chamou a atenção daquele desertor espanhol, e fez com que ele se estabelecesse por estas bandas; um manancial que garantia o fornecimento de água, foram fatores que possibilitaram que há quase dois séculos, começasse aquilo que viria a ser a cidade de Dom Pedrito.
Seus campos, por onde andavam índios Charruas e Guaranis, testemunharam a chegada dos colonizadores. Lutas foram travadas e dos pedritenses de outrora permaneceram os costumes que identificam o povo gaúcho.
Por suas características climáticas e de relevo, o município logo se destacou no setor primário, com destaque para criação de gado que por décadas foi a principal atividade econômica local, onde grandes estancieiros eram os principais empregadores. Com a chegada dos descendentes de alemães e italianos a partir da década de 1950, atraídos por suas férteis terras e disponibilidade de água para irrigação, as plantações de arroz fizeram com que Dom Pedrito se tornasse referência nacional na produção do grão.
A soja começou a ser aos poucos introduzida, a ponto de hoje ocupar uma área maior que a destinada ao plantio de arroz. Alguns pioneiros iniciaram há poucos anos, uma variação na matriz produtora. Culturas como a maçã, pêssego, melão, azeitona e uva surgiram de forma comercial e mostraram que é possível a diversificação das culturas, bastando para tal, vontade pessoal, incentivo político e financeiro.
A cidade cresceu, talvez aquém daquilo que é esperado para os seus quase 150 anos de emancipação. O tempo mostrou que a vocação local está ligada ao campo, mas vejamos o contrassenso, o percentual de pessoas morando na zona urbana é infinitamente maior do que os na área rural, onde está, literalmente, o celeiro financeiro do município.
Outra realidade que o tempo mostrou é que, apesar de a vocação local seja voltada para o campo, os recursos gerados não foram capazes serem revertidos em uma estrutura condizente com um município tão rico, visto que possuímos inúmeras deficiências estruturais, principalmente. A nossa riqueza e vocação para a agricultura e pecuária não foi suficiente para atrair as atenções de investidores de fora, fazendo com que, ao longo desse mesmo tempo, a renda fosse se concentrando na mão de poucos.
Há quem diga que a localização de Dom Pedrito, longe da região metropolitana e dos portos, enfim, constituem deficiências logísticas que fazem com que certo grau de estagnação seja registrado por aqui.
Diante desse cenário, nos perguntamos: Qual é a receita para sair desse estado de coisas? Que medida é preciso ser tomada para que Dom Pedrito se torne uma cidade melhor, com uma infraestrutura mais desenvolvida, com uma oferta de empregos maior e mais diversifica? Algumas ações atuais parecem nortear o rumo que devemos seguir, como a diversificação de culturas e o desenvolvimento do turismo rural.
Mas todas elas só terão sucesso se as pessoas que compõem Dom Pedrito se engajarem nisso. Não serão somente ações governamentais as responsáveis pela mudança que todos esperamos. A mudança deve partir de dentro para fora, do indivíduo para o coletivo.
É somente assim, com a união de todas as pessoas que Dom Pedrito conseguirá ver seu nome figurar entre as cidades com maior índice de qualidade de vida. E aí, vamos fazer parte dessa mudança?