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Qwerty Editorial – A culpa é da imprensa

Entre divulgar e se omitir, as consequências de uma informação

A informação nos dias atuais tornou-se praticamente instantânea. Com o advento da internet e sua popularização a partir da década de 2000 e o grande salto que deu, com sua utilização através de dispositivos móveis, a partir de 2010 pelas redes sociais, a forma pela qual a informação chega até as pessoas passou por profundas mudanças. Além dos canais oficiais, como os jornais que migraram para a internet ou os que surgiram a partir de sua criação, existem as redes sociais, veículos que possibilitaram que qualquer um, com um celular na mão, se tornasse um propagador de notícias, mesmo que muitas delas careçam de credibilidade.

Alheia a tudo isso, a imprensa oficial seguiu seu caminho, noticiando, denunciando e informando as pessoas. O papel da imprensa é muito maior do que “agradar” a todos, aliás, isso é impossível nesse meio, assim como na vida.

É por isso que alguns setores, quando desmascarados, quando acusados, preferem criminalizar a imprensa, acusando-a de tentar depreciar suas imagens. Governos, empresas e instituições, quando são destaque na mídia, por conta de seus comportamentos delituosos ou por suas práticas criminosas, dão jeito de encontrar meios de se defender, e isso é natural, mas o que não se aceita, é o fato de quererem depositar nos ombros da imprensa em geral, o fardo que não conseguem carregar.

E é assim quando as administrações, sejam elas em que nível forem, não admitem suas falhas, suas incompetências; quando os gestores, ao invés de assumirem suas responsabilidades, demonstrando ao menos,  hombridade para quem os elegeu, colocam a culpa naqueles que expõem suas irregularidades – afinal, a culpa é da imprensa.

É assim quando os varejistas comercializam produtos deteriorados ou de origem não comprovada, como carne oriunda de abigeato. No momento em que ficam sabendo que suas práticas inadequadas, que sua falta de fiscalização estão estampadas nos meios de comunicação, logo dão jeito de esbravejar, de acusar, quando deveriam rever seus processos e oferecer produtos e serviços de melhor qualidade – dizem que a culpa é da imprensa.

É assim quando os familiares e amigos de um bandido saem em sua defesa, depois de verem a polícia conduzindo-os para dentro das viaturas, apreendendo dentro de suas casas, armas, drogas e produtos furtados. Dizem que não é permitido expor suas identidades, que roubaram porque foram vítimas da sociedade opressora; que traficaram porque não tiveram acesso ao emprego; que mataram sem intensão, mas que são pessoas boas. Mais um caso em que a culpa é da imprensa.

Alguns a temem, outros a respeitam, ignorando que a imprensa, ao menos a imprensa séria, não é amiga, tampouco inimiga de quem quer que seja. Seu trabalho deve ser o de retratar a verdade, procurando ser isenta e imparcial. Sua opinião deve estar alinhada com o bem geral, em qualquer circunstância. Contando histórias, retratando vidas, registrando a caminhada da humanidade, ela estará sempre cumprindo o seu papel, e quem tentar manietá-la, como ocorreu em outras épocas, talvez consiga silenciar sua voz temporariamente, mas o correto, assim como o bem, é uma semente que mais cedo ou mais tarde vai germinar, se desenvolver e abarcar em sua sombra todos aqueles que tem compromisso com a verdade.

Isso é a imprensa.

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