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QWERTY EDITORIAL – O que Bernardino Ângelo diria?

Entre perdas e frustrações, uma análise sobre a vida à beira de um rio

Há quem diga que o pedritense já se acostumou às enchentes, notadamente aqueles que são atingidos. Muitos dizem que o ribeirinho opta por viver nas áreas de risco, como se fosse uma escolha direta o fato de não se mudar para um local mais adequado. Certamente haverá os que irão dizer que essas pessoas, em algumas oportunidades, foram beneficiadas pelo poder público com moradias populares e que, depois de algum tempo, venderam seus imóveis e retornaram para onde haviam saído. Pode ser que sim, que seja verdade mesmo, mas o fato de essas pessoas morarem hoje em regiões onde necessariamente deveria ser proibido, lança uma parcela de responsabilidade sobre o poder público, neste caso, o Executivo municipal.

É dever da prefeitura realizar o ordenamento urbano, de forma que, através de projetos específicos, sejam definidos, por exemplo, onde pode e onde não pode haver urbanização. Um caso de simples observação bastaria para saber que em Dom Pedrito existe uma extensa faixa de alague, fenômeno natural registrado por um rio que corta estas terras há centenas, milhares de anos.

É natural que as povoações surjam em locais como em margens de rios, afinal, ele fornece a água, insumo essencial para o estabelecimento de qualquer comunidade, mas esta, se desenvolvendo, como foi o caso de Dom Pedrito, faz com que medidas sejam tomadas, como foram lá nos idos anos de 1878, quando Bernardino Ângelo da Fonseca, por ocasião da criação da vila que mais tarde se tornaria cidade, tomou em virtude do problema identificado, já naquela época – transferiu a capela das margens do rio para o local onde se encontra hoje a igreja matriz, ou seja, um local mais alto e fora da zona de alague.

O cuidado que nosso antepassado teve não foi, certamente, continuado pelos gestores seguintes, e hoje, um século e meio depois, os pedritenses ainda vivem um problema que é registrado somente em países pouco organizados, se é que essa é a expressão correta.

Não adiantará falar do comportamento da comunidade, com relação aos seus detritos, que são vistos ao longo das ruas e calçadas e que depois das chuvas vão parar nos córregos que cortam a cidade, dificultando ainda mais o escoamento da água da chuva, isso é uma questão cultural e de educação mesmo, e só o tempo tem o poder de curar.

Quanto a nós, é bom entendamos uma coisa: A enchente continuará a existir. Se há alguma coisa que possa se fazer com relação a isso, depende de cada um.

Não dá para mudar o rio de lugar, mas dá para mudar o que fazemos em relação a ele.

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