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Dom Pedrito – O trabalho dos coletores de lixo na cidade

Você já imaginou Dom Pedrito sem profissionais responsáveis pela coleta de lixo? Pois é, a profissão de coletor de lixo é uma das mais árduas e pouco valorizada pela sociedade. A equipe de reportagem do Portal Qwerty, conversou com profissionais da empresa Ansus, que realizam a coleta de lixo em Dom Pedrito e viu que a rotina de trabalho é mais pesada do que pensávamos. 

Muitas pessoas não sabem, mas a coleta de lixo é feita por duas equipes, uma que trabalha pela parte da manhã e outra equipe que inicia a coleta de tarde, finalizando apenas no final da noite. Segundo informações da empresa, cada equipe trabalha sete horas e vinte minutos, com um intervalo de uma hora. Ou seja, esses profissionais correm para recolher o lixo por mais de sete horas todos os dias.  Eles contaram à nossa reportagem, que já passaram por diversas situações, muitas delas provocadas pela negligência da população como, por exemplo: não separar 'cacos' de vidro, que já ocasionaram diversos cortes neles. Outro problema enfrentado pelos coletores, é o grande número de cachorros soltos nas ruas da cidade. Na semana passada, um dos funcionários foi mordido na perna por um destes animais. 

A supervisora operacional da Ansus, Liziane Gomes, destacou que a maior dificuldade é de conseguir gente para trabalhar, pois muitas pessoas têm vergonha da profissão. "O salário deles é muito bom. Eles ganham um salário e meio mais vale alimentação", explicou Liziane, acrescentando que 14 pessoas trabalham na empresa. Dom Pedrito produz mais de 600 toneladas de lixo por mês. Este lixo tem destino a cidade Candiota e é transportado por um caminhão todos os dias da semana. 

Claudiomiro de Jesus "Cadico", está há mais de 15 anos trabalhando como coletor pelas ruas de Dom Pedrito. Ele já passou por outras duas empresas contratadas pelo município e disse que a situação da cidade não mudou muito com o passar do tempo. "Existem pessoas que separam o lixo, mas muitas ainda misturam, colocando alguns materiais que podem prejudicar nossa saúde. Ainda esses dias, um dos nossos colegas foi recolher o lixo e fincou uma seringa no dedo", relatou Cadico. Quanto ao percurso percorrido ser de mais de sete horas e vinte minutos, ele conta que, "muitos sentem no começo, mas depois de pegar o ritmo, só vai", complementa o coletor. 

Quando nossa reportagem questionou sobre o preconceito enfrentado por eles, os coletores disseram que é pouco, mas ainda sofrem com isto. Eles contaram  que algumas pessoas evitam chegar perto deles e, quando chegam, já vão 'tapando o nariz', pois se sentem incomodadas com o cheiro do lixo. 

Hender Maciel Silva está trabalhando a um ano e oito meses e Diones Borges, há sete meses. Eles pediram para as pessoas terem mais cuidado ao colocarem cacos de vidro no lixo, pois esta pequena atitude pode prevenir grandes acidentes. Os coletores contaram que no verão algumas pessoas esperam eles com água na frente das casas. Um fato curioso que ocorreu com Diones, foi logo quando começou a trabalhar na Ansus, em setembro do ano passado. Ele teve uma sobrecarga nas pernas e um inchaço muito grande nos joelhos. Como Diones estava em experiência, ele continuou trabalhando, mesmo com estes problemas. Hoje, ele está totalmente curado e já adaptado a rotina diária de percorrer várias ruas da cidade.

Quando se fala das profissões, as dos coletores de lixos e garis são de certa forma julgadas pelas pessoas, pois há uma tendência delas valorizarem as que são conseguidas por meio de muito estudo e dedicação, como a de médico, por exemplo, que é vista por muitos como a dos milagreiros da vida e assim a consideram como sendo melhor que as demais. 

A verdade é que tanto os médicos, quanto os coletores de lixo, prestam serviços essenciais para a sociedade. Toda e qualquer profissão tem sua carga de contribuição, seja ela para uma determinada empresa ou para a comunidade onde é desenvolvida.

Reportagem:Elliézer Garcez e Marcelo Brum
Setor de jornalismo: [email protected]

 

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